Faro e Olhão são os primeiros concelhos algarvios a acolher refugiados. Na madrugada desta segunda feira, chegaram sete refugiados ao Algarve, dos 64 que aterraram no Aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa. Quatro pessoas foram acolhidas pela Santa Casa da Misericórdia de Faro e três ficaram a cargo da Cruz Vermelha de Moncarapacho e Fuseta.
Candeias Neto, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Faro, adiantou ao Sul Informação que estão instalados na instituição quatro homens, que ali devem ficar por cerca de três meses. «São dois do Iraque, um da Síria e um do Iémen e chegaram satisfeitos, mas cansados. Estão instalados em quartos com duas camas e casa de banho privativa. Nota-se neles um ar triste, mas são pessoas com uma boa imagem», adiantou.
Estes refugiados com idades entre os 21 e os 57 anos, «não têm qualquer relação entre eles. São de países diferentes e há xiitas e sunitas. Devíamos ter recebido mais um casal, mas que não seguiu viagem para o Algarve, porque ficou no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a fazer hemodiálise. Além disso, havia uma sétima pessoa, que também não veio, por se encontrar doente, e ficou num campo de refugiados na Grécia».
No caso do casal que ficou em tratamento no Hospital de Santa Maria, o seu destino não vai ser o Algarve, uma vez que «têm familiares em Guimarães e, dentro do acordo a nível nacional com a União de Misericórdias Portuguesas, devem seguir para lá, e receberemos outras pessoas em troca», explicou o provedor.
No total, a Santa Casa da Misericórdia de Faro vai receber 16 refugiados, sendo que o próximo grupo pode chegar já esta semana. «Na quinta-feira, poderão chegar mais», revela Candeias Neto.
Estes quatro homens que chegaram à Santa Casa da Misericórdia de Faro não falam inglês, por isso a comunicação promete ser um desafio nos primeiros tempos. «Nós trabalhamos com voluntários que, no início, vão tentar explicar-lhes como se diz os objetos básicos, para aprenderem o essencial do português, mas a formação na língua é assumida pelo Instituto de Emprego», explica.
Dos refugiados que chegaram ao concelho de Olhão, sabe-se muito menos. O Sul Informação apurou que serão também três homens, um pai com dois filhos, que já estão instalados numa casa, tendo-lhes sido oferecido emprego numa empresa agro-industrial.
O nosso jornal contactou a responsável da delegação de Moncarapacho e Fuseta da Cruz Vermelha que remeteu quaisquer declarações sobre o tema para a Cruz Vermelha nacional.
Também António Pina, presidente da Câmara de Olhão, contactado pelo Sul Informação, disse desconhecer o acolhimento no concelho de qualquer refugiado.
Em setembro do ano passado, a delegação da Cruz Vermelha Moncarapacho/Fuseta tinha-se disponibilizado para receber 50 refugiados, em instalações a serem criadas na Fuseta. No entanto, as várias entidades envolvidas, nomeadamente a Câmara de Olhão, não chegaram a acordo quanto à sua localização.
O ministro-Adjunto Eduardo Cabrita adiantou aos jornalistas, aquando da chegada do avião com 64 refugiados a Lisboa, que estes seriam distribuídos pelas cidades de Beja, Santarém, Lisboa, Faro, Olhão, Nisa, Torres Novas, Guimarães, Sintra, Braga, Évora, Espinho, Porto, Setúbal e Nazaré.
Eduardo Cabrita explicou que os refugiados «vão ser colocados em instituições de solidariedade social, em misericórdias e em casas encontradas pelos municípios, pelo Conselho Português para os Refugiados [CPR], pela Plataforma de Apoio aos Refugiados, pelo Serviço de Jesuítas de Apoio aos Refugiados e pela Cruz Vermelha».
Os refugiados vão receber «apoio financeiro, acesso ao Serviço Nacional de Saúde, à escola para as crianças e o direito à habitação», disse o ministro.
«A ideia é, ao longo de 18 meses, programar o caminho de futuro. O ideal seria termos paz na Síria e no Iraque e que estas pessoas pudessem ponderar o retorno aos seus países. Caso não suceda, queremos ponderar a forma de os integrar na sociedade portuguesa», acrescentou o governante, que adiantou também que mais 50 refugiados devem chegar esta quinta-feira a Portugal.