A falta de enfermeiros e de material hospitalar no Algarve está a inviabilizar a prestação de alguns cuidados de saúde aos cidadãos. Segundo a Direção Regional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, só nos Centros de Saúde ACES Central (concelhos de Faro, Albufeira, S. Brás, Loulé e Olhão) faltam 107 enfermeiros, de acordo com as fórmulas de cálculo de pessoal.
Em comunicado, o sindicato adianta que a ARS só orçamentou três vagas para o ano 2015 e que «os enfermeiros vão saindo, mas não são substituídos».
Apesar de o Ministério da Saúde ter anunciado a contratação de 1000 enfermeiros para os Cuidados de Saúde Primários a nível Nacional, o sindicato realça que no caso da ARS Algarve, «há ainda um concurso pendente para 10 vagas há cerca de 2 anos, que urge concluir para que se possa admitir mais enfermeiros».
Segundo o SEP, a «Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) de Faro tem falta de 3 enfermeiros no imediato, mas a necessidade real é de 15 enfermeiros. Esta carência de profissionais aliada a 2 viaturas que se encontram avariadas desde setembro, faz com que sejam cancelados cerca de 7 tratamentos diários nos domicílios. Acompanhava 133 doentes e passou para 80, tendo que promover “altas precoces”».
Os enfermeiros queixam-se ainda de falta de material para prestar os cuidados, em particular pensos, o que obriga a que «alguns utentes tenham que comprar do seu bolso, ou que sejam encontradas alternativas que não são as mais indicadas, resultando num processo de cicatrização mais longo».
O sindicato diz também que «há falta de pilhas para os esfignomanómetros, falta tonners e tambores para as impressoras, como é o caso da USF Lauroé, em Loulé, que de 11 impressoras apenas 3 funcionam, não há aparelhos em número suficiente para a auscultação do batimento cardíaco do bebé nas grávidas, e há falta de balanças e craveiras de adulto, que foram pedidas em 2011, e ainda aguardam… também em Quarteira há profissionais que se viram na iminência de comprar impressoras e tonners e utilizam o seu computador pessoal para o serviço».
A gestão das vacinas da gripe na região também merece reparos, uma vez que «inicialmente, eram para ser só administradas gratuitamente a utentes com mais de 65 anos, o que “obrigou” a que todos os outros tivessem que adquirir na farmácia. Resultado: Sobraram muitas vacinas, sendo que só no Centro de Saúde de Olhão são cerca de 700».
O SEP refere também que o projeto “Enfermeiro de Família” continua por concretizar, apesar de o Governo ter emitido um despacho a 12 de janeiro, onde indica quatro unidades no Algarve em Lagos, Faro, Tavira e Olhão, para darem início à experiência piloto a 2 de janeiro.
«[O Governo] anuncia para a comunicação social que está em marcha mais uma medida, mas na realidade até ao
momento nenhuma das equipas de enfermagem destas unidades recebeu mais informação para avançar com o
projecto, cuja avaliação se prevê ao final de dois anos! Será na realidade uma medida eleitoralista?», conclui o comunicado.