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A primeira quinzena de outubro registou temperaturas do ar, em particular da máxima, muito acima do valor médio para época, com desvios superiores a 5ºC na maior parte das estações da rede do Instituto de Meteorologia, particularmente nas regiões do norte e centro do continente.

Neste período, cerca de 80% das estações registaram pelo menos um dia com temperatura máxima do ar igual ou superior a 30ºC (dias quentes) e 35% das estações registaram em todos os dias, durante os primeiros 7 dias de outubro, valores de temperatura máxima do ar igual ou superior àquele valor.

Entre os dias 1 e 15, foram ultrapassados os extremos históricos da temperatura máxima para o mês de outubro em algumas estações, nomeadamente Bragança com 30.8ºC no dia 12, Lisboa com 33.9ºC no dia 13; Anadia com 35.8ºC no dia 13, Carrazeda de Ansiães com 29.9ºC no dia 12 e Mirandela com 33.9ºC no dia 5.

Segundo o Instituto de Meteorologia, a persistência do tempo quente determinou que, durante o mesmo período, se tenham registado duas ondas de calor, a primeira com início ainda durante o mês de setembro e que se prolongou até 6,7 de outubro, que teve uma duração mínima de seis dias no Montijo, Lavradio e Sines, e duração máxima de 12 dias em Alvega e Alcácer do Sal. A segunda teve início em 9/10 de outubro e ainda só terminou nas estações do Porto, Setúbal e Sines no dia 14.

Na primeira quinzena de outubro, não se registou precipitação em todo o território do continente, prolongando um período de ausência de precipitação que se havia iniciado em setembro, mês em que a precipitação no território do continente foi cerca de 65% da média.

Esta situação veio agravar a seca meteorológica no continente, que no final da quinzena atingia todo o território, sendo que 1/3 se encontra já em situação de seca severa e extrema, os níveis mais elevados de severidade deste fenómeno.

O IM prevê que a situação de tempo quente se mantenha no decorrer da semana, ainda que se espere que a partir da tarde de hoje, dia 18, a circulação do ar predomine do quadrante oeste, com neblinas ou nevoeiros matinais no litoral norte e centro e que a temperatura possa ter uma descida a partir de quarta-feira, 19.

A partir de dia 23, regista-se uma forte probabilidade para a ocorrência de precipitação em todo o território do continente, também acompanhada de uma tendência para uma descida mais acentuada nas temperaturas (máximas e mínimas).

A persistência do tempo seco e das temperaturas com valores acima da média para esta altura do ano deve-se à situação meteorológica que afetou o território do continente, caracterizada por um anticiclone de bloqueio localizado sobre a Europa Central e que se estendeu a quase toda a Europa Ocidental, desde a Escandinávia ao Mediterrâneo e da Polónia à Península Ibérica, transportando na sua circulação ar muito quente e seco.

Esta situação originou, em Portugal continental, vento em geral fraco de leste e valores baixos da humidade relativa do ar, excetuando os dias 6 e 7, em que o vento soprou moderado do quadrante norte, por vezes forte no litoral e nas terras altas, tendo-se registado temporariamente uma descida da temperatura.

Apesar de nos últimos seis anos, à exceção de 2010, ter sido observada uma anomalia positiva da temperatura máxima do ar em outubro, nomeadamente em 2009 com +2.8ºC, dada a grande variabilidade da temperatura interanual deste mês, não se pode atribuir este aquecimento, por si só, a um efeito da alteração climática.

O Instituto de Meteorologia recorda, contudo, que os vários cenários climáticos em Portugal Continental, apontam para uma maior frequência destes episódios e mesmo para uma elevação média da temperatura do ar no outono.

Também em alguns países do sul da Europa se verificou uma persistência de tempo quente. Tal foi o caso da França onde foram registados records de temperatura nos dias 11 e 12 de outubro com valores acima dos 31ºC.

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