A quota de pesca de Portugal para o ano de 2017 terá um aumento de 11 por cento, subindo para as 121 mil toneladas.
A demorada negociação entre os ministros das Pescas da União Europeia para fixar as quotas nacionais terminou esta madrugada com aquilo que o Governo e as entidades do setor consideram boas notícias, apesar de uma redução na quantidade de pescada que pode ser capturada pelos pescadores nacionais.
Como compensação, Portugal viu aumentar as quotas de captura de carapau (7%) e de atum rabilho (20%). Neste último caso, a capacidade de pesca cresce para as 399 toneladas, com impactos diretos no Algarve, onde estão instaladas as três armações de atum existentes em território nacional.
Também há incremento das quotas de pesca de espécies com elevado valor comercial, como o tamboril (mais 54%), o biqueirão (18%), a raia (10%) e o lagostim (5%). Da negociação também saiu um aumento da quota de bacalhau, a pescar na Noruega, de 16%. Em sentido inverso, foi reduzida a quota de pescada, mas bem menos do que chegou a estar previsto. Houve uma primeira proposta no sentido de diminuir a capacidade de captura desta espécie em cerca de 36 por cento, mas a redução ficou-se pelos 5%.
Os aumentos na quota global e na generalidade das espécies levam a associação de produtores Olhãopesca e o Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Sul (STPS) a considerar as notícias positivas e passíveis de dar um impulso ao setor.
«Todos os aumentos são de destacar, já que terão efeitos positivos não só para os armadores algarvios, mas de todo o país. É este o caminho. Até aqui havia sempre reduções, apesar do grande esforço que fazemos para garantir a sustentabilidade dos recursos. Agora, há uma melhoria», ilustrou o presidente da Olhãopescas Miguel Cardoso, em declarações ao Sul Informação.
«De facto, este ano a administração portuguesa demonstrou grande capacidade de negociação. É o maior aumento dos últimos anos [em termos percentuais]», ilustrou.
Do lado de quem negociou, neste caso a ministra do Mar Ana Paula Vitorino, chega a garantia de que este é «o melhor resultado de sempre» de uma negociação com a UE, para Portugal. Tudo sem colocar em risco a sustentabilidade dos recursos, já que, segundo o membro do Governo, os aumentos foram alicerçados em fundamentação científica, pensando nas dimensões económica, social e ambiental.
A questão social é uma das bandeiras do STPS e este crescimento da capacidade de pesca vai no sentido de «melhorar as condições sócio-económicas dos pescadores», na visão de Josué Marques, dirigente sindical. «Não podemos deixar de valorizar este aumento de quotas. É bom para o setor das pescas e para a indústria conserveira. Para mais, há aumentos significativos em espécies de elevado valor comercial», considerou.
Josué Marques também destacou, em declarações ao Sul Informação, o aumento da quota de pesca da sardinha «para a 17 mil toneladas, bem como a possibilidade de pescar entre Outubro e Novembro».
Já a redução da quota de captura de pescada é vista como uma má notícia, tanto por Miguel Cardoso, como por Josué Marques, dada «a importância desta espécie». «Tudo o que vá no sentido da diminuição, não é bom. Mas estamos a trabalhar, em conjunto com a administração, no sentido de ver a quota a aumentar, no futuro», resumiu o presidente da Olhãopescas.