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goulartOs dados ontem revelados pelo presidente do IEFP, que referiu que os desempregados inscritos no Algarve baixaram para metade em dois anos, são um «absurdo», garante António Goulart, coordenador da União de Sindicatos do Algarve.

Goulart acusa o Governo de «manipular dados e elementos», numa altura em que se aproximam as eleições.

Para António Goulart, que reagiu com risos às declarações de Jorge Gaspar ontem, ao Sul Informação, a descida do número de desempregados só se poderia justificar com dois fatores: «um é a emigração. Alguns milhares de algarvios, no quadro dos 400 mil a nível nacional, foram para outro país à procura de emprego porque aqui não havia. Assim se reduziu, foram embora para outro país».

Depois, acrescentou, «é conhecida a panóplia de truques de habilidades do Governo no sentido de não qualificar como desempregados, pessoas desempregadas. Os estágios ou os contratos de emprego-inserção remetem para outra condição de pessoas que estão desempregadas, é assim que conseguem reduzir, de forma artificial, o número de desempregados».

No entanto, o sindicalista diz que, mesmo assim, tem dúvidas que esses números tenham sido atingidos: «basta ver a taxa de desemprego do INE – que vale o que vale – que dizia que, no primeiro trimestre deste ano, o Algarve tinha 16% de desempregados, a taxa mais elevada do país. É elevadíssima em qualquer contexto! Dizer que [o número de desempregados] baixou de 40 para 20 mil é um absurdo, mesmo com todos os malabarismos que o Governo tem utilizado, e com o facto de ter havido a emigração».

Para Goulart, «o desemprego no Algarve não se reduziu a metade do que era, nem de perto nem de longe! Continua a haver desemprego numa dimensão avassaladora. Todos os dias há empresas a encerrar, como a Litográfica do Sul, que enviou 44 pessoas para o desemprego, ou a Portway há uns meses».

«É um absurdo!», reforça. «Se tudo isso fosse verdade, era bom que o presidente do IEFP reparasse que a maior crise anterior de desemprego no Algarve foi em 1992 e teve 20 mil desempregados. O que estaria a dizer era que reduzimos o número de desempregados para os números da pior crise de desemprego que houve no Algarve, antes desta», acrescenta.

A aproximação de eleições é a razão que António Goulart encontra para estas afirmações. «É uma declaração política, num quadro em que as eleições se estão a aproximar, e que este Governo procura fazer crer aos portugueses que a realidade é outra. Vão-se manipulando dados e números, no sentido de fazer crer às pessoas que estamos no bom caminho. Não estamos, estamos no mau caminho, no mesmo em que estávamos».

As declarações do presidente do IEFP, «de credibilidade científica, não têm nada, são feitas na esfera da política e má política. É tentar criar ilusões e contar uma coisa que não corresponde à realidade», conclui.

 

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