«Não fosse esta bolsa, o mais provável era ter de desistir do curso antes do final do ano».
Se ainda alguém tivesse alguma dúvida da importância que tem o programa de Bolsas de Excelência, que a Universidade do Algarve promove com o apoio de 35 empresas da região e nacionais, elas ficaram totalmente dissipadas com o testemunho de Ana Rita.
A aluna do curso de Biologia Marinha da UAlg foi uma das 40 estudantes da instituição, que ingressou em 2014 no 1º ano, a receber uma bolsa de estudo de mérito, no valor de um ano de propinas, numa cerimónia que teve lugar este sábado, no Campus de Gambelas da universidade algarvia. Foi também a escolhida para representar os alunos galardoados, discursando em palco.
Aqui, e mais tarde, aos jornalistas, deu a conhecer aquela que é, ao mesmo tempo, uma história comovente, mas, essencialmente, de coragem e determinação. Isto porque, apesar de vir de um agregado familiar com dificuldades financeiras, motivadas pelo desemprego de longa data do pai e da mãe, nunca desistiu de seguir o seu sonho e tudo fez para o realizar.
Esta bolsa é mais um passo que deixa Ana Rita a sorrir. A ela e a muitos outros, alunos anónimos, que veem nestas bolsas uma tábua de salvação, que eles próprios conseguiram com o seu esforço individual.
Ana Rita, aluna da universidade do Algarve: “Esta bolsa salvou-me a vida.”
Em comum, estes alunos têm o facto de serem estudantes acima da média, mas também a dificuldade em aceder a bolsas de ação social, por motivos variados, apesar de também não possuírem recursos suficientes para se manter a estudar, sem ajuda.
No caso de Ana Rita, de 18 anos, aluna que acabou o secundário com uma média de 15,2 e ingressou este ano letivo na Universidade do Algarve, faltaram alguns dos papéis que lhe eram pedidos para aceder a este apoio social. «Para o ano vou tentar de novo a bolsa de concurso público, vamos ver se consigo», disse aos jornalistas, à margem da sessão.
Uma ausência de apoio que, tendo em conta o relato da aluna da UAlg, que veio de Fátima para estudar em Faro, parece mesmo só ser possível devido a questões processuais. «Os meus pais estão ambos desempregados. A minha mãe está sem emprego há dois anos, o meu pai há mais tempo, já que tem problemas de saúde», revelou.
«Esta bolsa salvou-me a vida. Basicamente, foi isso. Agora, estou à procura de trabalhar em alguma coisa, que possa conciliar com os estudos», de modo a manter-se em Faro. Apesar das dificuldades que enfrenta, ficar até concluir o curso que escolheu é um sonho que insiste em manter. «Se não fossem os sonhos, eu hoje não estaria aqui», assegurou.
Ana Rita não pode contar com o apoio social do Estado, mas o mesmo não aconteceu quanto à Universidade do Algarve. Deslocada da sua terra, a aluna vive numa das residências universitárias e tem sido ajudada, naquilo que é possível, pela academia.
Até porque foi uma das jovens que participou nos cursos de Verão que a UAlg promoveu, este ano e, já na altura, mostrou a sua determinação. Basta dizer que juntou dinheiro propositadamente para vir conhecer a universidade e o curso onde queria ingressar.
Universidade e empresas poderão aprofundar programa de bolsas
«Há para mim um aspeto muito importante. No conceito da bolsa de excelência, nós pensamos sempre nos resultados académicos dos alunos. E eu acho que ele pode ser muito mais abrangente. Pode vir a transformar-se cada vez mais num projeto que é, também ele, educativo para a sociedade. Daí eu sublinhar a importância dos empresários estarem disponíveis para atribuir estas bolsas», realçou o Reitor da UAlg António Branco.
O responsável máximo pela UAlg falou com o Sul Informação após a iniciativa onde foram entregues as 40 bolsas de excelência e uma de mérito, no valor de 3 mil euros, à aluna que terminou o segundo ciclo (mestrado) com a nota mais elevada, no ano letivo 2012/13, atribuída pelo banco BPI.
«No primeiro trimestre de 2015, gostaria de voltar a convidar os empresários, para virem à universidade e para aprofundarmos este projeto, pensarmos sobre ele e descobrir como é que ele pode ter um impacto ainda maior no exemplo que nós queremos dar à sociedade», revelou António Branco.
Este estreitar de relações com os beneméritos, muitos dos quais aderiram, desde a primeira hora, a este projeto de Bolsas de Excelência lançado pela UAlg, já começou. Em 2014, além da cerimónia de entrega dos prémios, houve um almoço de convívio, onde empresários e alunos apoiados puderam ficar a conhecer-se.
Cláudio Correia, fundador e diretor da empresa algarvia Algardata, foi um dos empresários que aderiu ao programa de bolsas da UAlg desde a primeira hora e mostrou-se agradado com a ideia, já que «é sempre bom saber quem se está a apoiar». «Este programa é uma iniciativa muito boa, para mais na perspetiva de uma empresa da região, já que muitos dos nossos funcionários são ex-alunos da UAlg. Acho que a universidade está a fazer um trabalho extraordinário», disse o empresário.
Por outro lado, admite, há também o interesse da parte do tecido económico em garantir que os alunos com mais mérito tenham hipóteses de concluir os seus cursos, já que podem ser ativos valiosos, para as empresas, no futuro. «Nós temos uma obrigação social em ajudar e é por isso que o fazemos. Mas também gostaríamos de os apanhar, no final do curso», disse, a rir.
«A universidade sozinha, não consegue dar conta de tudo. E esta proximidade com as empresas é positiva. É dessa maneira que encaramos as coisas: não pdoe ser cada um por si, só todos juntos conseguiremos dar a volta a esta situação e penso esta é uma boa maneira de contribuir», concluiu o empresário.
Listas de empresas que atribuíram bolsas:
Algardata
ANA Aeroportos
António Raiado Lda
Aviludo
Banco BPI
Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Algarve
Caixa Geral de Depósitos
Delta Cafés
FIAAL
Flesk
Fórum Algarve
Garrafeira Soares
Garvetur
Hospital Lusíadas
Hospital Particular do Algarve
Hotel Faro
Hubel
Lusíadagás, S.A.
Lusort
Martinhal
Metalofarense
MSCAR
Neomarca
Newshold
Pedras D’el Rei
Pine Cliffs
Pontautos
Quinta do Lago
Rolear
Salexpor
Schmitt Elevadores
Vale do Lobo
Vila Galé
Zoomarine