Loira, ruiva, ou “morena” (stout). Há uma Moura para “encantar” todos os gostos. A Moura é uma cerveja artesanal algarvia, tão algarvia que um dos seus ingredientes é a alfarroba. O produto chegou ao mercado há pouco mais de 20 dias, e em força, de tal forma que os stocks esgotaram.
Originária de Tavira, de onde são os seus criadores Sebastião Afonso e Ivânia Lourenço, a Moura tem uma “lenda” que remonta ao final do ano de 2013, quando o casal decidiu ir ao Porto para tirar um curso de produção de cerveja artesanal.
«[O curso] é o primeiro passo. Ele [Sebastião Afonso] tinha um bar, que fechámos. Eu trabalho no Hospital e estávamos ambos descontentes com situação pessoal e queríamos arranjar coisa alternativa. Uma colega minha falou-nos que havia um curso no Porto de produção de cerveja artesanal. Cheguei a casa, falei nisso, e fomos fazer de imediato, quase de um dia para outro. Aprendemos como se fazia cerveja e que se podia fazer com outros ingredientes. Procurámos conciliar isso com os produtos da nossa terra e lembrámo-nos da alfarroba», conta Ivânia Lourenço ao Sul Informação.
Ainda antes de um aprofundamento maior sobre a produção de cerveja artesanal, num curso em Barcelona, onde o casal adquiriu noções não só de produção, mas também de marketing, legislação, ou construção de microcervejaria, a Moura já estava a ser “esboçada”.
«Fizemos um teste, experimentámos a produzir e, logo na primeira vez, conseguimos o que estamos a fazer hoje. Fizemos várias vezes para nos aperfeiçoar, mas gostámos da primeira receita e ficou logo como a final. Começámos por fazer a loira, a pilsener. Gostámos do sabor e depois avançámos para outras variedades em que ligava bem o sabor da alfarroba. Fizemos a stout e a ruiva que, neste momento, é quase a estrela da companhia. É uma cerveja que, à partida, agrada a toda a gente, mesmo àquelas pessoas que diziam que não gostavam de cerveja», explica o casal.
O nome para a cerveja foi escolhido, segundo Sebastião Afonso, com os mesmos critérios do ingrediente principal, ou seja, a referência às origens. «Moura porquê? Depois do ingrediente local, queríamos um nome que tivesse a ver com a nossa terra. Lembrámo-nos da Moura Encantada de Tavira. Conseguimos relacionar tudo com a nossa terra: um ingrediente típico, trazido pelos mouros, a história Moura Encantada de Tavira, daí o nome Moura, daí a decoração, daí o lema: “Artesanal de Alfarroba, Cerveja de Encantar”».
Vinte dias depois da entrada da Moura no mercado, os stocks esgotaram. O casal estava confiante na sua cerveja, mas o interesse surpreendeu. «Nunca duvidámos da qualidade, uma vez que também somos apreciadores, e as opiniões que recebemos deram excelentes indicações. Mas, para um boom tão rápido, não estávamos preparados. O stock desapareceu. Estamos a produzir todos os dias, em pequenas quantidades porque todas as cervejas são feitas com muito amor e carinho e muita perfeição», explica Sebastião Afonso.
Neste momento, estão a ser produzidas cerca de 50 garrafas por dia mas o aumento de produção é um objetivo a curto prazo. «Já estamos a trabalhar no aumento de produção. É um processo moroso, o equipamento demora tempo a chegar e há que adaptar o espaço. Também há dificuldade nos fornecedores em garantirem a matéria prima. Todas semanas há festivais, feiras, e há muita procura».
Para já, é possível encontrar a Moura em Tavira, Olhão, Faro e Almancil em alguns restaurantes e lojas gourmet, mas há também pedidos para Portimão e Aljezur. «Esta não é uma cerveja banal, ou industrial, que se venda no café. Temos como público-alvo restaurantes, lojas gourmet, hotéis, campos de golfe e feiras medievais e de artesanato. Também vamos participar no Alameda Beer Fest, em Faro, e numa festa gourmet em Vilamoura, com produtos “escolhidos a dedo”, sendo um deles a nossa cerveja. É melhor trabalhar com menos revendedores assegurando que quando precisam, têm lá o produto».
A Moura ainda está a dar os primeiro passos, mas Sebastião Afonso e Ivânia Lourenço já preparam o futuro: «Queremos criar produtos novos, queremos criar cervejas. Temos receitas em carteira para, no futuro, serem lançadas. Queremos primeiro solidificar este projeto e depois lançar projetos diferentes, com nomes diferentes, para que quem olhe para esta garrafa saiba que é com alfarroba e que é uma cerveja diferente», conclui Sebastião Afonso.
Para saber se a Moura encanta o seu paladar, o custo de uma garrafa custa, em média, 3 euros.