A luta contra as portagens na Via do Infante vai ultrapassar oficialmente as fronteiras de Portugal, com a constituição formal da Comissão Internacional Hispano-Lusa para a Supressão das Portagens na A22, que terá lugar esta sexta-feira, em Ayamonte, Espanha.
O ato vai decorrer durante o «I Encontro Transfronteiriço Hispano-Luso», que antes de começar parece estar já a ser um sucesso. Dada a adesão prevista, o alcaide de Ayamonte Antonio Castillo decidiu transferir a iniciativa do Salón de Actos de Ayuntamiento de Ayamonte para a mais espaçosa, como indica o nome, «La Casa Grande», também conhecida como Casa da Cultura da localidade que se encontra do lado espanhol do Guadiana, frente a Vila Real de Santo António.
Antonio Castillo assume a linha da frente desta luta, assim como o secretário geral da Federação Nacional de Associações de Transportadores de Espanha (FENADISMER) Juan Antonio Millán Jaldón. Ambos serão os coordenadores deste encontro.
Segundo uma nota da Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI), que já havia contado com Juan Millán Jaldón numa iniciativa sua, onde o evento que amanhã se realiza acabou por nascer, não se vai apenas constituir uma comissão internacional, mas também dar início a outras ações.
«Além da constituição da Comissão, os intervenientes irão intervir com propostas para a elaboração de estratégias e de um Manifesto contra as portagens na A22, assim como sugestões de mobilizações contra as mesmas», referiu a comissão.
A CUVI já confirmou a sua presença e, no que toca a entidades algarvias, «foram convidadas diversas associações empresariais, sociais e sindicais», assim como «os presidentes das Câmaras de Faro, Tavira, Loulé, Vila Real de Santo António, Castro Marim, Alcoutim, Olhão, Albufeira, Portimão, Lagos, Aljustrel e Grândola».
«As portagens, além de condicionarem gravemente a mobilidade de pessoas e bens no Algarve, também estão a prejudicar muito a região fronteiriça da Andaluzia, particularmente a província de Huelva, contrariando mesmo tratados internacionais firmados entre Portugal e Espanha. Efetivamente, as portagens na Via do Infante vão contra o Tratado de Valencia de Alcântara assinado entre os dois países Ibéricos sobre cooperação transfronteiriça da qual deriva a Euroregião Algarve – Alentejo – Andaluzia», ilustrou a comissão de Utentes.
«Como era previsível e como se constata, a introdução de portagens na Via do Infante (A22) está a contribuir fortemente para o agravamento da crise económica e social do Algarve, uma região que vive, quase exclusivamente, da actividade turística e do comércio», acrescentou.
Além de participar no encontro em Ayamonte, a CUVI também irá promover sexta-feira, a partir das 17 horas, uma marcha-lenta com buzinão, com partida de Lagoa e chegada à Fonte de Boliqueime, ao longo da EN125.
Tráfego na A22 caiu para metade, depois das portagens
A cobrança de taxas não será a única culpada da diminuição de tráfego na Via do Infante, mas dados oficiais demonstram que, só em dezembro, a quantidade média de veículos diminuiu em 48 por cento.
A empresa Estradas de Portugal (EP) considerou, no entanto, «prematuro e especulativo» atribuir as culpas às portagens.
Para a EP, apenas 28 por cento do total se deve à cobrança de taxas, enquanto 20 pontos percentuais são atribuídos a outros fatores, como a crise e o aumento do preço dos combustíveis. Uma tendência que, assegura a empresa, se nota a nível nacional.
Os dados apresentados demonstram ainda que a A22 foi mesmo a ex-SCUT que mais tráfego perdeu. Mas, em contrapartida, a EN 125 está muitas vezes congestionada, com os acidentes a serem mais frequentes.
«Enquanto na Via do Infante circula um tráfego muito reduzido, a EN 125 voltou a transformar-se numa “rua urbana” muito perigosa, com uma intensa circulação rodoviária, muito congestionada e onde os acidentes são uma constante quase diária», defende, por seu lado, a CUVI.