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DSC_0010 (Small)Há quase dois anos – comemoram-se a 5 de dezembro – a Dieta Mediterrânica foi declarada Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO. A palavra “dieta” surge associada a alimentação, mas há a convicção que, neste caso, é muito mais do que isso. Foi esta uma das conclusões do 4º Seminário sobre Dieta Mediterrânica realizado esta sexta-feira e sábado, na Universidade do Algarve, procurando estratégias de salvaguarda para este bem imaterial.

Personalidades de várias áreas envolvidas na promoção da Dieta Mediterrânica marcaram presença no evento, como o presidente da CCDR Algarve (David Santos), o presidente do Turismo do Algarve (Desidério Silva), o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve e da Câmara Municipal de Tavira (Jorge Botelho), a diretora regional de Cultura do Algarve (Alexandra Gonçalves), o diretor regional de Agricultura e Pescas do Algarve (Fernando Severino) ou o presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve (João Moura Reis).

Também vários membros do Grupo de Acompanhamento para a Salvaguarda e Promoção da Dieta Mediterrânica (GADM) estiveram presentes.

Os intervenientes alinharam todos pelo mesmo diapasão: a Dieta Mediterrânica é um pouco de tudo – engloba o artesanato, as paisagens, o turismo, os saberes, a arquitetura, um estilo de vida saudável…

Nas áreas da educação e da saúde, foram reveladas intenções de criar um mestrado na UAlg sobre Dieta Mediterrânica e de incluir produtos desta nas ementas escolares. Mas, a determinado momento, o vice-presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Jacinto Gonçalves, quis saber o que tem contribuído esta distinção pela Unesco, para a economia da região. Jorge Botelho respondeu baseando-se na sua perceção.Dieta Mediterranica

«Parece-me que, quando se fizerem estudos, as séries estatísticas vão mostrar isto: pelo menos na minha terra, houve uma requalificação dos restaurantes e um aumento do número destes espaços. Houve a perceção de que, se as pessoas fizerem as coisas de determinada maneira, associando-se a algo com valor, conseguem atrair pessoas e, com isso, dinheiro», disse Botelho.

Mas não foi só na restauração que houve novidades nos últimos dois anos. «Antes eu falava com artesãos que me diziam: isto vai acabar, ninguém quer saber disto. Agora? Vou a uma feira, pergunto e dizem-me: “isto correu bem, vendi quase tudo”. No caso do azeite, há um mês, a produção de azeite em Tavira esgotou. Vendeu tudo. A vinha também está a crescer, está a ser plantada, o que há muitos anos que não acontecia. O investimento em ervas aromáticas, que é para exportação, também. E no Turismo, cada vez mais as pessoas chegam e querem saber mais, e provar produtos, da Dieta Mediterrânica. Acho que as estatísticas vão mostrar isso, quando saírem. Como já chegou a ser dito: a Dieta Mediterrânica é mais do que carapaus alimados», gracejou.

Botelho acha mesmo difícil que «num espaço de dois anos, haja outro projeto que tenha criado este nível de envolvimento. É caso para dizer que, nesta altura, a Dieta Mediterrânica já é mais do que um cozido de grão».

O vice-presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia elogiou o trabalho feito no Algarve e formulou o desejo de que «este exemplo possa ser replicado no resto do país e se estenda como uma mancha de azeite pelo resto do território».

O Seminário não foi só dedicado a quem tem responsabilidades diretas na promoção e na salvaguarda da Dieta Mediterrânica, mas também a quem pode obter lucros com ela: os empresários. E assim, este sábado foi realizada uma sessão de divulgação de programas de financiamento que poderão integrar projetos no âmbito da Dieta Mediterrânica e houve ainda sessões paralelas entre investigadores e empresas, instituições e agências de desenvolvimento, dedicadas aos temas “Sustentabilidade, Inovação e Território”.

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