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Investigadores da Universidade do Algarve já conseguem produzir bioetanol de 2ª geração, que vulgarmente designamos por álcool etílico, a partir de polpa de alfarroba. Um avanço que permitirá acrescentar valor  a um produto cujo preço no mercado é atualmente baixo.

A tecnologia de fermentação para produção de bioetanol de 2ª geração está a ser desenvolvida no âmbito do projeto «Alfaetílico», pioneiro em Portugal, que é coordenado pela investigadora Emília Costa.

A perspetiva é que, num futuro próximo, se possa aumentar o valor de mercado de um subproduto da indústria de alfarroba, que tem uma expressão significativa na região, e aproveitar todos os excedentes desta atividade.

No nosso país, não existe qualquer unidade de produção de bioetanol, apesar de este biocombustível ser usado em combinação com a gasolina. Até 2020, será obrigatório em todos os países da União Europeia que os combustíveis tenham uma taxa de 20 por cento de biocombustíveis na sua composição.

Caso não produza os seus próprios biocombustíveis, como agora acontece, Portugal, para cumprir esta diretiva comunitária, terá de os importar.

«Com este estudo pretende-se a valorização integral desta matéria-prima, muito rica em açúcares, com vista à satisfação do mercado nacional de biocombustíveis, utilizando tecnologias de 2ª geração, numa abordagem de biorrefinaria», revelaram os responsáveis pelo projeto, numa nota de imprensa.

 

«Alfaetílico» já conseguiu produzir a uma escala semi-industrial

«No Laboratório de Engenharia e Biotecnologia Ambiental do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da UAlg foram realizados ensaios em fermentadores agitados mecanicamente, e na estação-piloto de fermentação foi operacionalizado e monitorizado com êxito o processo de produção de bioetanol em diversos sistemas de produção, já na perspetiva de produção semi-industrial», acrescentaram.

Ou seja, os resultados da investigação, que foram divulgados num Encontro que decorreu na UAlg em dezembro passado, demonstram que já há tecnologia desenvolvida que permite produzir bioetanol a uma escala considerável e abrem a porta à sua produção industrial em larga escala.

«A fermentação alcoólica é realizada por uma estirpe autóctone da levedura “Saccharomyces cerevisiae” que é isolada pela equipa de investigação da Universidade do Algarve. Apresenta condições únicas de tolerância à toxicidade do álcool e ao elevado teor em açúcares utilizados na fermentação, o que permitiu atingir rendimentos etanólicos próximos do máximo teórico (0,51 g/g) a partir do resíduo de alfarroba», explicaram os investigadores.

A polpa de alfarroba revelou-se, assim, uma matéria-prima excelente e de baixo custo para a produção de bioetanol de 2ª geração, com potencial tecnológico e económico para uma biorrefinaria.

«A transferência de tecnologia desenvolvida no “Alfaetílico” permite simplificar, otimizar e viabilizar economicamente o processo fermentativo. Outros aspetos cruciais desta investigação são a inovação no campo do input energético necessário à implementação da biorrefinaria, o sistema integrado de produção com aproveitamento e a valorização dos subprodutos», concluem os responsáveis pelo projeto.

O «Alfaetílico» é um projeto de I&DT, financiado pelo Programa QREN/PO Algarve 21, um consórcio entre a Universidade do Algarve (UAlg) e indústrias de transformação de alfarroba do Algarve – Agrupamento de Alfarroba e Amêndoa CRL.

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