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Produto Algarve_1Fomentar a valorização dos recursos e produtos da região algarvia é o principal objetivo da marca «Produto Algarve», que a Associação do Comércio e Serviços da Região (ACRAL) apresentou esta sexta-feira, no Mercado Municipal de Faro.

Victor Guerreiro, presidente da ACRAL, explicou que «Produto Algarve» assume a forma de uma marca comunitária certificada, que tem uma «face visível» através de um selo criado para ser aplicado nos produtos algarvios certificados e usados pelos agentes económicos, também certificados.

«O Algarve tem produtos de excelência, mas que não têm uma marca comum forte, que os identifique e distinga. Com esta marca e com a certificação a ela associada o que pretendemos é, precisamente, acrescentar valor aos produtos endógenos», disse aquele dirigente da associação empresarial.

Esta marca é «a face mais visível do projeto “Algarve Positivo”», também promovido pela ACRAL, em parceria com a Algarve Film Comission, e que se apresenta como «uma iniciativa transversal a todos os setores da economia regional», abrangendo «todos os agentes económicos e atores fundamentais na geração de valor acrescentado para a economia da região».

Também presente na apresentação da marca «produto Algarve», Fernando Severino, diretor regional de Agricultura e Pescas, salientou que alguns dos principais produtos da terra e do mar algarvios já têm certificação: a IGP para a aguardente de medronho está em consulta, mas já existe, por exemplo, a IGP Citrinos do Algarve, apesar de ser «muito pouco utilizada», ainda que «70% da produção nacional de citrinos seja algarvia». Há ainda a IGP da Batata-Doce de Aljezur ou a DOP para o Sal do Algarve.

Victor Guerreiro: «o Algarve tem produtos de excelência, mas que não têm uma marca comum forte, que os identifique e distinga. Com esta marca e com a certificação a ela associada o que pretendemos é, precisamente, acrescentar valor aos produtos endógenos»

Outro produto que, no entender do diretor regional, poderá beneficiar com a certificação e com a criação daquela marca é o mel. «Metade dos jovens agricultores algarvios que apresentaram projetos de investimento no último quadro fizeram-no no setor do mel», o que permite prever que a produção de mel algarvio «duplique nos próximos tempos». Só que, até agora, a maior parte desta produção é vendida a granel, sem acrescentar valor, o que poderá agora ser atingido com a utilização da marca «Produto Algarve».

Adriano Guerra, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, que gere os fundos comunitários, salientou, por seu lado, que o objetivo da CCDR é «pôr em contacto e a trabalhar em rede os agentes económicos da região. Este projeto entronca nisso».

Com a marca e a certificação dos produtos, «há uma criação de cadeias de valor e de riqueza para a região. Quanto mais valor for acrescentado e ficar na região, melhor», até para «combater esse flagelo da nossa região que é o desemprego», acrescentou aquele responsável da CCDR.

Produto Algarve_2Para o presidente da Câmara de Faro, o Algarve tem as melhores amêndoas do mundo, o melhor figo, mel, vinho, medronho, peixe ou marisco. Então o que falta para «afirmar estas riquezas?» Falta, na opinião do autarca Rogério Bacalhau, «organização da oferta», «trabalho em rede», «trabalho de marketing orientado para os mercados específicos» e a «valorização da marca, devidamente certificada». Ou seja, falta precisamente aquilo a que o projeto «Algarve Positivo» e a marca agora criada querem dar ênfase.

A tarefa não é pequena, daí que Victor Guerreiro, presidente da ACRAL, tenha sublinhado que o projeto já está «no terreno a criar a rede de agentes económicos, desde os produtores aos distribuidores finais».

O projeto é co-financiado pelo Programa Operacional Algarve21, em 470 mil euros, e passa ainda pela criação de um portal na internet e de uma aplicação mobile, onde constarão os produtos regionais, os seus produtores e as lojas de tradição, onde eles podem ser adquiridos.

«Temos neste momento uma forte campanha de sensibilização de produtores e intermediários, através de sessões de esclarecimento, contactos diretos, showrooms e workshops que estão a decorrer em todo o Algarve, como está a acontecer hoje, aqui no Mercado Municipal», salientou.

O modelo de certificação já está escolhido, com base num estudo desenvolvido com recurso a entidades especializadas e, segundo a ACRAL, «assegura uma ponderação custo/benefício muito positiva, em que a certificação obedece a regras precisas e auditadas por uma entidade externa, mas cujo processo foi simplificado de forma a que os agentes económicos não se afundem em processos de certificação tão complexos que não compensam».

Victor Guerreiro: «a adesão ao Algarve Positivo e à marca Produto Algarve é neste momento gratuita para todos os agentes económicos interessados»

Victor Guerreiro anunciou que «a adesão ao Algarve Positivo e à marca Produto Algarve é neste momento gratuita para todos os agentes económicos interessados em participar deste que será o maior e mais visível meio de divulgação dos produtos do Algarve a nível nacional e internacional».

Quanto ao enquadramento desta iniciativa no novo quadro comunitário, no âmbito do CRESC Algarve 2020, o vice-presidente da CCDR salientou que «os projetos terão que ser apresentados e analisados», mas admitiu que «tudo isto se insere na estratégia de especialização inteligente na região». «Estamos disponíveis para continuar a trabalhar com a ACRAL e com os seus parceiros», acrescentou Adriano Guerra.

Apesar de a fase inicial e crucial do projeto ter contado com financiamento do PO Algarve21, Victor Guerreiro explicou que, para que a iniciativa «não fique a meio caminho», houve que «alavancar alguma engenharia financeira e poder criativo para arranjarmos mais verbas».

E contou o caso da reunião que recentemente o projeto teve com o Grupo Jerónimo Martins/Pingo Doce, que «tem como objetivo ter um setor de produtos regionais». «Eles adoraram o nosso projeto» e poderão mesmo «financiar parte no futuro», apresentando este caso como um dos exemplos de «engenharia financeira» a que é necessário recorrer para implementar de facto, no terreno, a marca «Produto Algarve».

«Há pelo menos esta grande rede de distribuição que está disposta a colaborar connosco», salientou o presidente da ACRAL, ressalvando que, apesar disso, a ideia passa mais por «trabalhar com o mercado e o comércio tradicional».

O diretor regional Fernando Severino defendeu que, «se tivermos essa marca, poderemos ter uma embaixada dos nossos produtos que pode ir por esse mundo fora». «Temos o maior motor que é o Turismo, que tem que potenciar os nossos recursos endógenos. É preciso que a marca “Algarve” sirva para isso, para potenciar os nosso produtos».

 

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