A Marina de Albufeira vai estar «completamente diferente» já no próximo Verão e até terá uma cascata. Os trabalhos de infraestruturação da 2ª fase do Plano de Pormenor do Porto de Recreio de Albufeira vão começar este mês, com o objetivo de fazer com que o local se venha a tornar no terceiro «centro nevrálgico» da cidade.
Depois de um período de dificuldades financeiras, que obrigou a Marina de Albufeira a entrar num Plano Especial de Revitalização em 2013, a infraestrutura procura agora reerguer-se. João Amaral, administrador da marina, explicou ao Sul Informação que, «com esse PER, foi possível delinear um plano de recuperação de 20 anos, em que se prevê, desde logo, o financiamento da construção da segunda fase, e, com o acordo dos principais credores, foi permitido levantar os alvarás de loteamento».
Segundo João Amaral, «com estas obras de urbanização estão criadas condições para a Marina poder comercializar os lotes de hotéis, porque até ao momento não tínhamos nenhum para vender e passámos a ter dois, um com 250 quartos, outro com 160, bem como os lotes de um aparthotel com 110 apartamentos e de um conjunto de apartamentos turísticos e moradias».
Apesar de não haver ainda investidores garantidos, o responsável revelou ao nosso jornal que «um grupo hoteleiro manifestou interesse no arrendamento de um hotel já construído. Se arranjarmos um investidor que construa o hotel, eles garantem a exploração por um prazo de 20 anos. É uma cadeia bastante grande, conhecida mundialmente, mas ainda nada está assinado».
Garantida está a infraestruturação dos loteamentos, que vai custar cerca de 5 milhões de euros. «Até Setembro, Outubro, vamos ter toda a segunda fase da Marina infraestruturada», garante o administrador.
Segundo João Amaral, esta segunda fase «tem menos densidade de construção. Terá um jardim com dois hectares, dois campos de futebol com medidas oficiais, que criará uma zona muito verde. Por outro lado, tínhamos previsto, em Plano de Pormenor, um lago com 7000 metros quadrados, mas a Câmara entendeu que, dadas dificuldades de manutenção, não devíamos construir o lago mas antes fazer uma praça para ser usada para concertos e eventos de Albufeira».
Estas obras vão criar, explica o administrador, «uma marina completamente diferente, que não terá nada a ver com o que era há dois anos. No ano passado, já fizemos renovação dos decks, que ainda não está concluída e que já dá uma imagem completamente diferente. Nota-se, se calhar por isso, o interesse dos empresários pelas lojas. Houve uma dinâmica nestes últimos anos que permitiu mudar a face da marina e, quem vier neste Verão, vai ver a cascata, a zona poente mais arranjada, os decks todos com igual layout».
Quem visitar a Marina de Albufeira “de cara lavada” vai também encontrar vida nas lojas, uma vez que, depois de um período em que grande parte foi abandonada, a ocupação voltou a crescer. «Até 2013, das 34 lojas na marina que tínhamos, 10 ou 12 estavam abertas. Elaborámos uma estratégia de colocação de lojas e, este ano, vão estar abertas 33 lojas das que temos à nossa responsabilidade. A 34ª, em princípio, também estará aberta, mas é de um cliente a quem foi vendida. Ou seja, passámos de 30% de lojas ocupadas, para 97 ou 100%», realça João Amaral.
O responsável acredita que este “renascer” da Marina de Albufeira vai trazer mais pessoas ao local, porque, «quanto mais lojas tivermos, mais atrativo se torna para as pessoas virem cá. Já temos famílias que vêm aos fins de semana com as crianças, porque esta é das poucas marinas que não deixa os carros entrarem para a sua envolvente. Vêm em família e, enquanto as crianças brincam à vontade, os pais tomam um café, almoçam ou jantam nas esplanadas».
Para já, as lojas ocupadas são «essencialmente de restauração», mas, no futuro, «há-de nascer num dos lotes um Centro Comercial e aí com todo o tipo de lojas subjacentes».
Se, em 2017, o objetivo passa por atrair pessoas para o local onde existe a Marina de Albufeira, João Amaral acredita que, dentro de alguns anos, o cenário pode mudar radicalmente: «Albufeira tem dois centros nevrálgicos: o centro da cidade e a zona da Oura. Nós entendemos que podemos ser o terceiro centro nevrálgico de Albufeira, quer pela marina em si, quer pela sua envolvente com as suas lojas, os restaurantes e os bares, quer pelos hotéis que vão nascer e que vão permitir fixar aqui pessoas. Esta zona tem prevista a estadia de 4000 pessoas por dia, já é um bairro muito grande. Numa primeira fase, vamos trazer as pessoas do centro para a marina, mas, daqui a 20 anos, se calhar, o fluxo será de irem pessoas ao centro».
João Amaral diz que a administração está «confiante que os lotes são apetecíveis, mas não estamos a pôr muita pressão na sua venda, porque terá de ser uma zona nobre da cidade. Para o ser, tem de ter meios para isso e tempo para nascer como tal. No nosso PER, colocamos as vendas bastante atrasadas, não está previsto que seja necessário vender a todo o custo. O objetivo é vender com critério, para trazer qualidade à Marina de Albufeira».
Apesar de o objetivo da administração não passar pela construção, mas sim pela venda de lotes, João Amaral admite que, «se calhar, vale a pena começarmos a pensar em sermos nós a construir. Não é um dado adquirido, mas é um caminho que não está totalmente fechado. Vamos ver o que o mercado nos dá, se permite o encaixe dos lotes. Se não permitir, não tenho dúvidas que o nosso caminho terá de passar por sermos nós a construir e a vender parcelarmente. Parece-me, no meu entendimento pessoal, que será mais difícil vender um lote de 5 milhões de euros, do que um apartamento de 100 ou 200 mil. Se calhar, com 20 apartamentos destes, fazemos o mesmo valor».
Se ao nível de investimento imobiliário, os últimos anos da Marina de Albufeira não foram famosos, ao nível da ocupação de postos de amarração, o cenário é diferente. «A envolvente da marina teve, no passado, um handicap muito grande que foi a falta de pessoas, mas ao nível do negócio “marina”… fossem todos esses os meus problemas. A nível de postos de amarração, temos a melhor ocupação das quatro marinas do Algarve. Passamos o ano todo com 84% de ocupação e é um negócio que tem potencial de crescimento, quer a nível de preços, quer a nível de melhoramentos na marina. O meu problema é o imobiliário à volta e a falta das pessoas no imobiliário à volta», conclui João Amaral.
Veja as imagens virtuais do projeto, já com os lotes construídos: