A ministra do Mar Ana Paula Vitorino ficou com «os olhinhos a brilhar» no início da sua visita de dois dias ao Algarve, que começou, ontem à tarde, na Universidade do Algarve. A ministra gostou do trabalho que é feito na academia algarvia na área que tutela e, numa fase em que está a preparar o projeto «Observatório do Atlântico», foi desafiada pelo reitor António Branco a sediá-lo no Algarve.
A ministra ouviu o repto do reitor, não respondeu de imediato, por isso o Sul Informação quis saber se era mesmo uma possibilidade, que este projeto a nível nacional – e não só – tivesse sede na região. Em declarações ao nosso jornal, Ana Paula Vitorino não se comprometeu.
«Não diria que essa seja questão importante. A ideia é termos um funcionamento em rede, termos projetos que estão a ser desenvolvidos por cientistas do Algarve, mas também cientistas dos Açores, do Porto e, quem sabe, da Noruega».
No entanto, o papel da Universidade do Algarve neste projeto é realçado pela ministra, que considera que «o importante aqui é que os cientistas do Algarve saibam impor a liderança» e que «os empreendedores, os cidadãos, os empresários industriais possam perceber que, na Universidade do Algarve, se produz investigação melhor do que em qualquer outra parte do mundo e que há aqui excelentes parceiros para novas atividades económicas rentáveis. Fiquei com os olhinhos a brilhar, porque temos excelentes oportunidades e temos de pôr estes cientistas em contacto com empresários que possam investir. É o que temos de fazer: mais do que a localização, é importante o diálogo», disse.
Algarve é exemplo para o resto do país
Na economia do Mar, o Algarve é um exemplo para a ministra Ana Paula Vitorino. «Temos aqui um cluster do mar, que é preciso divulgar, para potenciar o crescimento económico da região, mas também do país.Temos gente aqui que é investigadora e empreendedora e isso é fantástico! Temos de promover estes exemplos não só para captar novos investimentos, mas também para reproduzir noutras partes do país».
Para a governante, «temos de ser mais ambiciosos, não nos podemos conformar que a economia do mar, que tem tanto potencial, represente uma percentagem tão pequena do PIB. 2,5% não é nada. O que estes investigadores disseram hoje eu não diria melhor, é o que aqui foi dito que está no programa de Governo».
E o que disseram os investigadores do CCMAR, do CIMA e do CRIA? Além de mostrarem o seu trabalho, nos diversos departamentos, pediram novas formas de financiar o seu trabalho.
A ministra deu-lhes boas notícias: «assinei ontem as portarias que aprovam os regulamentos do MAR2020. Dividimos em dois pacotes, um neste mês, outro no final de abril, para que as primeiras candidaturas aconteçam ainda no primeiro semestre, tem de ser. O programa estava atrasado e foi uma das prioridades».
Além disso, a ministra diz que está a criar outro instrumento, o Fundo Azul, que «vai começar a ser pequenino, mas vai crescer. A ideia é que a atividade económica gerada pelo mar o financie. Todos os organismos do Estado, ligados ao mar, vão financiá-lo, por exemplo através de uma parte das taxas das capitanias», revelou.
Simplex para o mar, competências nas zonas portuárias em discussão na AMAL
Terminada a visita à Universidade do Algarve, já passava das 18h00, Ana Paula Vitorino encontrou-se com os autarcas, na sede da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), em Faro. A reunião foi longa e terminou perto da hora de jantar.
Jorge Botelho, presidente da AMAL, revelou ao Sul Informação que a reunião «correu bem» e que «foram identificadas questões e conflitos de competência nas zonas portuárias, que têm múltiplas tutelas, foi debatido o Simplex para o mar e foi feito um levantamento das necessidades da região ao nível dos portos, das marinas, ou dos portinhos».
O também autarca de Tavira explicou que a reunião aconteceu na AMAL, com todos os municípios, para termos uma «representação enquanto entidade regional».
