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ComputadorA mobilidade, no Algarve, vai dar online o primeiro passo rumo a uma maior sustentabilidade. Um mapa virtual da rede de transportes da região, com horários e preços, que poderá ser integrado em plataformas de dimensão mundial, como por exemplo o Google Maps, está já a ser desenvolvida e estará disponível em 2017.

«Estamos a desenvolver plataformas tecnológicas que vão permitir integrar todas as redes de transportes de passageiros – rodoviários, ferroviários, aéreos e fluviais – para que os cidadãos possam ter uma visão única da oferta e da rede de mobilidade existente. Também podem, através de plataformas abertas como o Google Maps, planear as suas deslocações», resumiu aos jornalistas Vasco Pinheiro, gestor de projetos da empresa FousBC, que está a desenvolver esta tecnologia

Ainda não há uma data para o lançamento da nova ferramenta já que o seu desenvolvimento ainda irá durar «alguns meses», mas é certo que estará a funcionar no ano que vem.

O representante desta empresa, uma das parceiras do projeto de mobilidade sustentável VAMUS, liderado pela AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, falava à margem da sessão «Vamus caraterizar e diagnosticar», que decorreu esta quarta-feira em Albufeira e serviu para dar conta do levantamento que foi feito à mobilidade na região.

A possibilidade de planeamento antecipado das viagens proporcionada pela nova ferramenta poderá ser particularmente útil para os que visitam a região, já que além da rede em si, também serão disponibilizados horários, «sempre que as operadoras os disponibilizarem».

Em alguns casos, poderá mesmo fazer-se a compra de bilhetes online. «Já estamos em conversações com alguns operadores municipais de transportes urbanos, no sentido de mostrar que é possível desmaterializar o processo da bilhética e que não faz sentido as pessoas estarem em filas à espera para comprar bilhete», acrescentou Vasco Pinheiro.

Outra potencialidade aberta pela plataforma a criar será a possibilidade de seguir, em tempo real, a localização do meio de transporte que se pretende apanhar. «Não faz sentido as pessoas estarem nas paragens, quando podemos saber em tempo real a posição dos autocarros. São coisas tecnologicamente simples que podemos oferecer à sociedade», ilustrou.

Como no caso dos horários, também aqui é necessária a colaboração dos operadores, para que «tenham política de dados abertos em relação a essa informação.

«Como foi revelado aqui hoje, estão a ser renovados os novos contratos de concessão [transportes rodoviários]. Na nossa opinião, esses contratos devem prever uma política de dados abertos. Nós sabemos onde estão os carros da Uber e não sabemos onde estão os autocarros. Não faz sentido!», acredita Vasco Pinheiro.

Jorge Botelho

Momentos antes, durante a sessão «Vamus caraterizar e diagnosticar», já se havia percebido que a mobilidade no Algarve não é satisfatória. Aliás, as conclusões do diagnóstico feito dificilmente espantarão qualquer pessoa que viva na região: os algarvios andam, sobretudo, em transporte próprio, a intermodalidade é muito deficitária, mesmo inexistente a diversos níveis ,e há uma forte lacuna na ofertas de transporte público para os turistas que visitam a região.

«Essa é uma leitura das coisas tal como elas são, do senso comum e também dos autarcas. Todos sabemos que a mobilidade no Algarve é muito à base do transporte individual e que a coisa falha quando é preciso usar o transporte coletivo, principalmente nas deslocações interconcelhias», segundo o presidente da AMAL Jorge Botelho.

Foi já com essa ideia bem presente que a entidade que junta as 16 autarquias algarvias decidiu chamar a si a competência de autoridade gestora do sistema de transportes regional. O VAMUS é a fase mais visível desta decisão e contempla a criação de um Plano Regional de Mobilidade Sustentável (PAMUS).

A plataforma que está a ser desenvolvida pela Focus BC já resultará deste projeto. Mas há muito mais a fazer, como a caraterização à mobilidade da região que foi agora apresentada indica.

«Vamos agora discutir e conhecer os pontos críticos, para perceber por onde começamos. Mas há que salientar que, depois de tantos anos de regime democrático, a AMAL assumiu a responsabilidade de contribuir para a mobilidade global no Algarve, porque achamos que é uma forma de promover a empregabilidade, a sustentabilidade e que esta economia do Turismo e a qualidade de vida de quem cá mora possa ser muito melhorada», disse Jorge Botelho.

Na calha, está a criação de títulos únicos para diferentes meios de transportes, operados por entidades diferentes, e a coordenação de horários.

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