Paulo Neves foi oficialmente reconduzido no cargo de administrador do Grupo Hospitais Privados de Portugal (HPP) Saúde no Algarve, por designação do novo acionista maioritário do grupo, os brasileiros da AMIL.
Ao mesmo tempo que anunciou esta decisão, o grupo comprometeu-se, numa nota oficial, a consolidar o investimento na região e em avançar com um novo hospital em Faro.
Decisões que deixam Paulo Neves «muito feliz», mas que, ainda assim, não devem ser o topo da prioridade do grupo, na atual conjuntura, considerou o gestor, em declarações ao Sul Informação.
«No Algarve, o que se sente cada vez mais é a dificuldade das famílias em ter acesso aos hospitais, devido à falta de condições financeiras», revelou. Este é um problema cada vez mais frequente quer nas unidades privadas como nas públicas, onde as taxas moderadoras e os custos aumentaram.
No caso do HPP, muitos dos clientes beneficiam de seguros de saúde ou planos de saúde como a ADSE, mas demonstram grande dificuldade em garantir a parte que lhes é reservada, «de 10 ou 15 por cento». «O que é mais importante é ajudar estas pessoas que nos procuram», assegurou.
Uma vez que acredita que este é um problema geral, que afeta tanto privados como públicos – «já há pessoas que preferem ir às nossas unidades do que ao hospital público, pelo valor que se paga agora de taxa moderadora» -, Paulo Neves defende uma solução concertada, a nível regional.
«Apelo a quem de direito na política que reúna à mesma mesa todos os atores, para tentar arranjar uma solução», disse.
Com a extinção do Governo Civil, o gestor do HPP no Algarve sugere que a iniciativa parta da Entidade Regional de Turismo do Algarve, cuja assembleia «junta as Câmaras, outras entidades públicas e representantes das mais variadas áreas da economia, incluindo nós da saúde».
Grupo AMIL mostra-se disposto a investir na região
A crise e a forma como está a afetar grande parte da população, nomeadamente a classe média, é uma preocupação premente para a HPP Algarve e «a nova administração do grupo compreende esta perspetiva», revelou Paulo Neves.
O grupo brasileiro AMIL adquiriu o HPP Saúde à Caixa Geral de Depósitos em novembro passado por uma verba que terá rondado os 86 milhões de euros. Esta organização é um “gigante” do setor, cujo volume de negócios no ano passado foi equivalente a «mais de 50 por cento do PIB português».
«O meu mandato tinha terminado no dia 8 de dezembro, mas já antes tinha recebido a garantia de que iria ser reconduzido. Agora essa decisão foi oficializada, convidaram-me formalmente», disse Paulo Neves ao nosso jornal.
Na nota enviada às redações, o grupo AMIL anunciava que entre os principais desafios que Paulo Neves irá ter pela frente nos anos que se aproximam, «encontram-se a construção no novo hospital privado em Faro, a consolidação das restantes unidades hospitalares, bem como o reforço e optimização do serviço assistencial em cuidados de saúde de referência».
O HPP conta neste momento, com quatro unidades na região, o Hospital Santa Maria de Faro, o HPP São Gonçalo de Lagos, o Hospital de Albufeira e a Clínica HPP no Fórum Algarve.
Compromissos que deixam o gestor algarvio feliz. «O que é mais importante frisar é que a nova administração do Grupo conhecia o projeto no Algarve e quer apostar nele», considerou.
«É bom para a empresa, é bom para a região e é bom para os trabalhadores do grupo no Algarve», resumiu.
Quanto à nova unidade hospitalar em Faro, Paulo Neves não mostra especial pressa em concluí-la. «Essa obra seguirá o seu tempo normal», disse, reafirmando que o preocupa mais neste momento «encontrar soluções para que as pessoas possam usufruir dos serviços» que o seu grupo proporciona.