«O Algarve precisava de ter muitos mais cozinheiros e pasteleiros formados e não tem», disse ontem, em Portimão, Carlos Baía, delegado regional do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Para suprir essa lacuna, o IEFP assinou esta quarta-feira protocolos com entidades empregadoras que irão receber os alunos do curso de Técnico de Cozinha e Pastelaria, que começou há poucos dias no Centro de Emprego e Formação Profissional do Barlavento.
Nestes cursos, destinados a jovens até aos 25 anos, com o 9º ano de escolaridade, os alunos têm uma componente escolar normal (com as disciplinas habituais de Português ou Matemática, por exemplo), e uma componente prática, em parte feita no Centro de Formação, mas em grande parte cumprida em «contexto de trabalho», nas empresas, nomeadamente do setor hoteleiro e de restauração do Algarve.
No fim dos três anos, os alunos ficam com o 12º ano, mas ganham vantagem em relação aos seus colegas que continuaram no ensino secundário normal, como salientou Jorge Gaspar, presidente do IEFP: «estes cursos estão um passo à frente das escolas normais. Porque estão a aprender o que é habitual, mas ainda estão a aprender uma profissão».
Pedro Lopes, administrador do Grupo Pestana no Algarve, salientou, por seu lado, que se trata de «um tipo de formação que nos faz muita falta e que, ainda por cima, funciona». «As empresas têm absorvido muitos jovens, quer em cozinhas, quer em mesas, com este tipo de formação», acrescentou.
Dirigindo-se ao grupo de jovens formandos presentes na sessão, Pedro Lopes frisou que «o curso é duro, porque a profissão de cozinheiro é dura, mas fantástica». E há muitas oportunidades de emprego, porque «a maioria dos cozinheiros atuais está na casa dos 50 ou 60 anos e muitos já pensam em reformar-se».
Por outro lado, o Turismo no Algarve está bem e recomenda-se. Pedro Lopes recordou que só o seu grupo abriu este ano um novo hotel na região, o 4 estrelas Alvor South Beach, e vai abrir no próximo ano outro hotel, de 5 estrelas, também no concelho de Portimão. «O turismo está a correr bem e há falta de mão de obra qualificada. Há procura de menus diferentes, mais saudáveis, alguns antes impensáveis, como japonês, chinês, italiano». Tudo isso significa mais necessidade de gente com a formação adequada.
David Palminha, responsável de Recursos Humanos do Grupo Aguahotels, acrescentou, em declarações ao Sul Informação, que «o tipo de formação que aqui é dada é importante porque, ao mesmo tempo que têm aulas, os alunos são inseridos em contexto de trabalho, para terem uma perceção do que é a vida ativa profissional». Esta é uma qualificação que se adequa «muito melhor» às necessidades das empresas. De tal forma que, revelou, «já houve casos em que os alunos entram nas nossas unidades nesta fase de formação e, no fim, acabam por ficar com contrato de trabalho».
E é precisamente promover formação adequada «às necessidades reais das empresas» que o IEFP tem feito, com estes cursos de Aprendizagem, acrescentou o delegado regional Carlos Baía. «No Algarve, nos últimos tempos, temos tido sempre dificuldade em satisfazer a procura de profissionais dos setores da cozinha e pastelaria, daí a aposta».
Carlos Baía disse ainda que «todas as empresas que trabalham connosco são empresas de referência, independentemente da sua área ou dimensão».
Esta quarta-feira foram assim assinados protocolos com as empresas Atmospherocean Exploração Hoteleira SA e Garden Palace SA (Grupo Aguahotels), Ecovillage Investimentos Turísticos Lda (Monte Santo), Hotéis de Charme SA (Hotel Belavista), Passo do Tempo SA (Cascade), Rochoriental Sociedade Hoteleira SA (Hotel Oriental), Salvor Sociedade de Investimento Hoteleiro SA (Grupo Pestana), United Investments (Portugal) Empreendimentos Turísticos SA – Pine Cliffs Resort. Será ainda assinado protocolo com a empresa Rio Laranja Empreendimentos Turísticos SA (Vale d’Oliveiras Quinta Resort e Spa).
Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação