A Pastoral Diocesana algarvia e a Obra Nacional da Pastoral do Turismo (ONPT) assinalam hoje, 27 de setembro, o “Dia Mundial do Turismo” com duas mensagens que refletem sobre o tema proposto este ano para as comemorações desta data: “Turismo e Água: proteger o nosso futuro comum”.
As mensagens chamam a atenção para a importância que a água assume para os cristãos, enquanto símbolo de renascimento e de pureza e como fonte de vida na terra.
Chama-se, ainda, a atenção para a necessidade de educar as gerações futuras para a preservação deste recurso e, no caso da Pastoral Diocesana algarvia, identificam-se algumas das mais importantes ligações da água à atividade turística no algarve, bem como à religiosidade dos algarvios.
A Pastoral Diocesana do Turismo tem um site próprio, onde disponibiliza informações sobre o património religioso algarvio.
Este grupo de trabalho da Igreja algarvia (que está representado na direção da ONPT pelo seu coordenador, padre Miguel Neto) tem sido pioneiro na abordagem destas temáticas ligadas ao turismo, tendo realizado a 24 de novembro de 2012 uma ação de formação para guias e agentes turísticos, sobre “Como visitar uma Igreja”.
A mensagem:
«DIA MUNDIAL DO TURISMO 2013
ALGARVE, TERRA DE MAR, TERRA DE ÁGUA, TERRA DE FÉ
O Dia Mundial do Turismo 2013 é assinalado a 27 de setembro. Este ano, o tema proposto -“Turismo e Água: proteger o nosso futuro comum” – pretende enquadrar-se na Declaração da Organização das nações Unidas (ONU) que define 2013 como o Ano Internacional da Cooperação no Domínio da Água.
Pretende-se dar particular realce, nas várias celebrações e reflexões propostas para este dia, ao papel que o Turismo pode ter como atividade potenciadora do acesso à água e da conservação dos recursos hídricos do nosso planeta.
Na verdade, a água é um dos bens mais essenciais de que dispomos e em muitas partes do mundo, um bem escasso e de acesso muito limitado.
A água é símbolo de frescura, de transparência, de liberdade e de verdade. É, sobretudo, sinal de vida, pois sem ela nada na terra sobrevive, quer sejam os animais, quer sejam as plantas.
Para os cristãos, a água é sinal de renascimento para a vida nova em Cristo, pois através dela, no batismo, lavamos os nossos pecados e entramos, de coração puro, na comunidade dos Filhos de Deus.
Todavia, no Algarve, região cuja fronteira sul e oeste é o Oceano Atlântico e a fronteira leste é o rio Guadiana, a água assume um papel ainda mais significativo:
>>É ela que garante a existência de uma atividade turística regular da maior importância para a economia local e nacional, pois o produto sol e mar é aquele que faz mover a hotelaria, a restauração e todos os pequenos comércios de litoral.
Desde a década de 60 do século XX, esta atividade ganhou particular importância, transformando o Algarve de diversas formas: o seu urbanismo e planeamento do território, a sua gestão económica, as prioridades de investimento, o contacto com povos de muitas nacionalidades, enfim, toda a identidade das gentes desta região passaram a estar indelevelmente ligadas a esta ação.
>>É o mar – logo, a água – que desde os tempos dos primeiros povoamentos da região, garante a subsistência das comunidades.
A pesca é, sem dúvida, a par da agricultura, a mais antiga das formas de ganhar o sustento que os algarvios levaram a cabo.
E não podemos deixar de lembrar, também, as indústrias – como a indústria conserveira -, que sempre deram emprego a muitos algarvios e estão, naturalmente, também ligadas à existência da pesca.
>>Outros cursos de água – como é o caso do Rio Arade ou do Rio Guadiana – também se revelaram sempre decisivos na definição do território e no surgimento dos espaços urbanos.
Neste contexto tão específico, muitas são as manifestações de fé próprias das gentes do mar:
>>Há diversas procissões marítimas, onde as imagens saem em embarcações engalanadas, pedindo a proteção da comunidade piscatória (veja-se os casos das festas em honra de N. Senhora dos Navegantes em Armação de Pêra e na Culatra/Tavira; ou da festa da Senhora da Orada, em Albufeira).
>>Há uma devoção particular a S. Pedro, o discípulo de Jesus que deixou de ser pescador de peixes, para passar a ser pescador de homens e guiar a Igreja, como seu primeiro líder (em Quarteira, por exemplo, há festas em honra deste Santo e uma Igreja construída em sua honra).
>>Existe uma grande devoção a N. Senhora, nomeadamente a algumas invocações que as comunidades marítimas tinham como protetoras da sua faina.
É o caso de N. Senhora da Graça, N. Senhora dos Aflitos ou N. Senhora da Boa Viagem (há festas que assinalam estas evocações marianas em Armação de Pêra, Sagres, Lagos, Alvor, conhecidas, precisamente, pelas suas tradições ligadas à faina do mar).
O Algarve é, pois, uma terra de mar, uma terra de água, uma terra de fé. Lembrar estas tradições é, igualmente, garantir que estes recursos e a identidade dos algarvios é preservada. É garantir que o Turismo pode continuar a promover experiências únicas a quem viaja e que, como afirmou o Secretário Geral da OMT, Taleb Rifai, na mensagem oficial para o Dia Mundial do Turismo 2013, pode assumir a «liderança e garantir que companhias e destinos investem em gestões de água adequadas através da cadeia de valores», continuando assim a «encontrar soluções inovadoras para garantir o acesso sustentável aos recursos hídricos no Mundo».
Neste sentido, a Pastoral Diocesana do Turismo continua a trabalhar para dar a conhecer as tradições religiosas da região algarvia e para preservar e promover todo o património que é um bem e um valor para o Turismo do Algarve».