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Nem mais uma licença para quem não utiliza as que já detém na Área Piloto de Produção Aquícola da Armona (APPA Armona) e a autorização aos profissionais da pesca local para utilizar as concessões, que não estão a produzir, para exercer a sua atividade. Estas foram as principais exigências dos pescadores da Culatra no protesto que promoveram esta quarta-feira, dia 31 de Maio, onde denunciaram «o estado de abandono da APPA da Armona e a interdição à pequena pesca tradicional dentro da mesma».

Dezenas de barcos pertencentes à frota de pesca artesanal desta comunidade piscatória do concelho de Faro fizeram-se ao mar ontem, Dia do Pescador, como forma de protesto contra o que os membros da Associação de Moradores da Ilha da Culatra (AMIC) consideram uma situação lesiva não só para os pescadores, mas para o país. Isto porque, acusam, há zonas da APPA da Armona que deixaram de ser exploradas e mantidas.

Não é de hoje que os profissionais da pesca da Culatra estão contra esta área de produção aquícola. A aquacultura offshore foi instalada numa zona que era usada há muito pelos marítimos locais para exercer a sua atividade. E se, no início, houve uma tentativa de tentar parar todo o processo, hoje pede-se, pelo menos, autorização para pescar nas zonas onde não há produção aquícola.

«Esta área foi criada em 2008, como um Projecto Piloto, o que é certo é que não teve até à data os efeitos económicos esperados, uma vez que não está a ser utilizada para o fim para que foi criada», enquadrou a AMIC, na nota de imprensa onde anunciou este protesto.

Os representantes dos culatrenses denunciaram o «estado de abandono» de alguns lotes da APPA da Armona, para o qual vêm alertando as autoridades.

O Sul Informação acompanhou o protesto no mar e verificou que há uma boia de sinalização da APPA encalhada em pleno areal da Ilha da Armona. «Já estiveram ali duas, bem como diversas boias destas mais pequenas, que entretanto foram retiradas», garantiu a dirigente da associação Sílvia Padinha.

A manifestação saiu do Porto de Abrigo da Culatra, mas foi até ao local da discórdia, as concessões alegadamente ao abandono, pertencentes à empresa Companhia de Pescarias do Algarve. Esta empresa tem já oito concessões na APPA da Armona que, alegam os pescadores da Culatra, não estão a utilizar, mas já fez o pedido para utilização de mais lotes.

Segundo a associação, no âmbito do processo de consulta pública para atribuição do título de utilização privado do Espaço Marítimo para seis lotes na APPA Armona, a AMIC enviou um ofício «solicitando o indeferimento da atribuição desses títulos», ao qual anexou fotografias «comprovando in loco esse estado de abandono, e que coloca em risco a navegação de todas as embarcações que entram e saem da barra do Lavajo».

«As resposta que temos recebido do ministério é que o caso está a ser analisado», revelou Sílvia Padinha, que não se resigna com o facto dos pescadores da ilha estarem impedidos de usar um dos seus locais tradicionais de pesca, apesar deste não estar a ser aproveitado por ninguém.

«Tanto espaço interdito à pequena pesca para coisa nenhuma, é algo que não se entende. É uma vergonha. Tiraram-nos uma zona de pesca para não fazer aqui nada, só produz lixo», defendeu a dirigente da AMIC.

Para os profissionais da pesca, principalmente para os donos das 70 embarcações de pesca local da ilha, a APPA da Armona é vista como a promotora de prejuízo financeiro. É que, sem poder pescar aqui, os pescadores da Culatra têm de se deslocar para mais longe, o que acarreta mais gastos.

«Face ao estado de abandono em que se encontra a APPA Armona, esta associação considera que essa área deve ser relocalizada e que, nos lotes sem utilização, seja possível aos nossos pescadores desenvolverem a sua atividade. Apesar de todos os contactos feitos ao longo dos últimos anos, não nos foi dada qualquer alternativa, de forma a salvaguardar a pequena pesca tradicional», concluiu a AMIC.

Veja as fotos do protesto dos pescadores da Culatra:

Fotos: Hugo Rodrigues| Sul Informação

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