A produção de vinho no Algarve deve aumentar «cerca de 20%», apesar do ano atípico registado, que obrigou a antecipar as vindimas, revelou hoje a Comissão Vitivinícola da região (CVA).
As altas temperaturas verificadas em Julho aceleraram a maturação das uvas, tornando necessário a sua colheita antecipada, «a fim de preservar a caraterísticas naturais das castas e desta forma potenciar a qualidade final dos vinhos, mantendo o seu equilíbrio nos aromas e sabores frutados e florais», explica a CVA.
Carlos Gracias, presidente da CVA, antecipa um ano de sucesso: «se as condições económicas se mantiverem favoráveis e continuarmos a aumentar a atratividade turística da região, prevemos para 2018 – com a ajuda do setor da distribuição e da restauração – um ano recorde na comercialização dos Vinhos do Algarve».
Para Mário Santos – proprietário e produtor dos vinhos Quinta da Tôr – as expetativas são igualmente animadoras para 2018.
Com um aumento da produção e mantendo a qualidade da uva, o vitivinicultor refere que «após a vindima de uma parte da produção, da qual já iniciamos também a vinificação, noto a uva muito sadia e com um ótimo equilíbrio nos açucares e na acidez, o que me dá muito boas perspetivas para a produção deste ano».
Para Mário Santos, a antecipação da vindima é também uma realidade, considerando «normal que suceda assim, pois foi um ano e um Verão muito secos».
«Nós não vamos ser afetados na quantidade e na qualidade com este facto, pois regulámos a maturação das uvas com rega, o que contrabalançou o efeito de seca», acrescentou.
A falta de mão-de-obra para a apanha das uvas é uma realidade que se tem verificado noutras regiões vinícolas e à qual o Algarve não está imune, sendo mais agravada pela forte procura que o setor turístico tem por mão-de-obra nesta altura.
Por isso, salienta a CVA, «muitos produtores veem-se na necessidade de contratar trabalhadores em regime temporário fora da região para colmatar esta lacuna».
Numa iniciativa do projeto Loulé Criativo, da autarquia louletana, a Quinta da Tôr recebeu um grupo para participar nas vindimas e conhecer o processo desde a colheita, até à vinificação.
Para os visitantes, foi um dia em pleno, onde puderam conhecer desde a vinha, a adega, os comeres típicos da região aliados aos vinhos da Quinta da Tôr e terminando o evento com a tradicional pisa a pés, cujo resultado irá servir para a produção de Vinho do Algarve.
«Estas apostas no segmento das experiências e do enoturismo vão-se tornando um contributo para a diversificação e consolidação dos projetos vinícolas no Algarve e uma mais valia para o turismo», sublinha a CVA.
Fotos: Vico Ughetto|CVA