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Feldspatos CarapitotasQuatro meses depois, a Sifucel – Sílicas SA “voltou à carga” na serra de Monchique. A 15 de outubro do ano passado, foram detetados trabalhos de remoção de terra e pedras, na zona das Carapitotas, e a CCDR e a Câmara de Monchique embargaram a obra. Mas, esta segunda-feira, no mesmo local, foi descarregada uma máquina giratória que se preparava para voltar a fazer trabalhos, que o autarca monchiquense diz serem de prospeção de feldspatos.

Quando soube do que estava a acontecer, o presidente da Câmara de Monchique Rui André contactou o SEPNA, que foi ao local, e ordenou a paragem das movimentações. Na terça-feira, a máquina giratória foi retirada.

Rui André adiantou ao Sul Informação que não permitiu e «não vou permitir mais trabalhos naquele local. Se for necessário, vou lá com a GNR e dou ordem de prisão a quem estiver a fazê-lo. Enquanto não houver licença, não há movimento de terras».

Feldspatos carapitotasSegundo o autarca, «se as autoridades mandam parar os trabalhos, que estão embargados, e eles continuam, isso é um crime de desobediência, e não só a empresa, como o operador da máquina, podem vir a ter outras consequências», garante.

Desde que o Sul Informação escreveu sobre o tema, a 12 de janeiro, a situação não conheceu avanços a nível oficial: o embargo da Câmara e da CCDR não foi levantado, a empresa em questão não pediu licença de trabalhos e a Direção Geral de Energia e Geologia, responsável pela concessão de zonas de prospeção e exploração de minerais, não se pronunciou favoravelmente sobre os pedidos que a Sifucel fez àquela entidade.

«A DGEG não disse ainda nada à Câmara. Não temos qualquer conhecimento oficial que aquela empresa possa trabalhar ali. Por isso, é uma atividade não autorizada, ou seja, ilegal», reforça Rui André.

rui andréA resposta da empresa ao auto de embargo tem «argumentos que não fazem sentido: dizem que estão a desmatar, ou a plantar sobreiros, mas mesmo para isso, é necessária uma licença. Isto é tudo uma grande trapalhada!», acusa o autarca.

Para Rui André, «dá a entender que estão habituados a este tipo de práticas, que têm conhecimento dos trâmites que as entidades oficiais têm de seguir e, entretanto, vão avançado com o trabalho».

O  presidente da Câmara compara a situação da exploração de feldspatos em Monchique com a exploração de hidrocarbonetos no Algarve. «É um pouco como o petróleo. É uma matéria prima que gera interesses económicos muito grandes e há lóbis, que conseguem muitas vezes ultrapassar o interesse das populações».

No entanto, Rui André esclarece que não é «contra a extração de felspatos na Serra de Monchique». Se for «uma matéria prima que pode ser aproveitada, até apoio. Mas aquele local tem muitas condicionantes, há ali as nascentes de água que abastecem o Alferce. Se avançar ali uma exploração, o Alferce fica sem água!», alerta.

Apesar de a decisão final de atribuição de uma licença de exploração ser da responsabilidade da DGEG, e não da autarquia, o presidente da Câmara diz que, «se as entidades governamentais decidirem aprovar uma exploração naquele local, vamos ter uma posição ainda mais forte. Aquela zona faz parte do perímetro de abastecimento público de água e a água é um bem essencial. Se não cair por outro lado, cai por aí», conclui.

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