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O “365 Algarve” ainda não vai a meio da primeira edição, mas o balanço que é feito até agora é díspar, dividindo hoteleiros e promotores. João Soares, representante no Algarve da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), considera, por exemplo, que a falta de sucesso do programa «está à vista».

Já Dália Paulo, comissária deste programa de animação cultural, defende que aquilo que «interessa é o território ter várias escolhas para quem o visita».

Em declarações ao Sul Informação, Dália Paulo explicou que o objetivo do “365 Algarve” é «reforçar a marca Algarve todo o ano». «Nunca foi objetivo combater a sazonalidade per si, mas ser uma ferramenta e um instrumento útil para que os turistas tenham uma experiência diferenciadora», acrescentou.

Ainda assim, João Soares considera que «o programa tem de ser melhorado e trabalhado, em concertação com as associações de hoteleiros». Só dessa forma «poderá ajudar» na época baixa e «ter um retorno melhor». «Nós sabemos aquilo que as pessoas querem quando estão nos hotéis no Inverno», considerou.

Uma das críticas apontadas por João Soares é direcionada, por exemplo, a questões de mobilidade. «Se houver uma peça de teatro em Loulé, à noite, para um cliente que esteja em Vilamoura é difícil deslocar-se, ainda para mais quando, em época baixa, temos muito turismo sénior», disse.

Apesar de Dália Paulo garantir que o regulamento para a nova edição do “365 Algarve”, cujas inscrições já abriram, resulta da «audição a vários parceiros», o dirigente daquela que é a maior associação hoteleira em Portugal lamenta «não ter sido ouvido».

Dália Paulo, comissária do 365 Algarve

Já Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), entidade que Dália Paulo garante ter sido «escutada» para o tal novo regulamento, disse, ao nosso jornal, não estar contra «a lógica» do programa, mas contra os seus «insucessos e falta de resultados». Esta opinião já foi, inclusive, reiterada pela associação num balanço de 2016 feito a nível turístico e empresarial.

Isto porque, no entender de Elidérico Viegas, este não é nem o «programa de que o Algarve precisa», nem «atingiu os objetivos a que se propunha», como «combater a sazonalidade».

A solução seria, então, outro programa que «tivesse meia dúzia de eventos âncora, durante a estação média, e que contribuíssem, pela sua notoriedade, para criar fluxos turísticos e que divulgassem mais a região no exterior».

Ora, no entender de Dália Paulo, o “365 Algarve” «não foi definido» para esses grandes eventos. Se fosse… «o orçamento seria diferente», considera. A comissária deste programa acredita, ainda assim, que o “365” possa «contribuir para um outro programa que o complemente».

No que diz respeito à promoção do 365 Algarve, João Soares garantiu que este «tem sido divulgado dentro dos hotéis», com folhetos, por exemplo, pois «achamos que tem interesse». Elidérico Viegas disse que «todos os sócios» da AHETA têm recebido os programas. «Não os guardamos na gaveta», acrescentou.

Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, que, em parceria com o Turismo de Portugal e as Secretarias de Estado do Turismo e da Cultura, é uma das promotoras do programa, reconhece que a primeira edição «pode ter fragilidades», garantindo, porém, que a segunda edição tentará «arranjar soluções e formas de as retificar».

Para tal, por exemplo, já começou a ser feita uma avaliação pela Universidade do Algarve. Desidério Silva concorda, ainda assim, com as críticas feitas por Elidérico Viegas num ponto: «é importante que haja dois ou três eventos de referência». «Não me conformo com o programa como está. A minha proposta é aumentar dormidas e notoriedade», acrescentou.

Garantiu, até, que já fez «essa referência» às duas Secretarias de Estado. «A região precisa de união. Não é com divisões que se vai a lado nenhum», acrescentou, criticando de forma implícita as opiniões negativas dos hoteleiros.

Quanto à questão da sazonalidade, apontada pela AHETA, Desidério Silva, além de sugerir «que haja propostas objetivas», garantiu que «a sazonalidade não se diminui apenas com o 365 Algarve» mas, também, «com o turismo de natureza» ou «com programas de turismo ativo e gastronomia».

O presidente da RTA contraria até a ideia de que a sazonalidade se mantém em força no Algarve, dizendo que os dados «mostram uma taxa de ocupação mais elevada e mais voos durante a época baixa, o que é fruto de todo este trabalho».

sulinformacao

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