Portugal está cada vez mais próximo de engrossar o lote de países cuja Dieta Mediterrânica é reconhecida pela UNESCO como Património Cultural e Imaterial (PCI) da Humanidade. Tavira está a conduzir um processo que envolve outras sete cidades de países da bacia do Mediterrâneo e vai dar um passo importante já em dezembro, com a conclusão da fase processual.
A partir daqui, os dados estarão lançados e não se terá de esperar muito para ver o processo terminado. Segundo o presidente da Câmara de Tavira, que é a representante de Portugal nesta candidatura a oito, tudo deve estar concluído «até 31 de março de 2012».
Jorge Botelho falou com o Sul Informação à margem de uma reunião de trabalho com os muitos parceiros regionais e nacionais da candidatura. Aqui, contam-se desde associações locais de desenvolvimento rural e ambiente, até entidades das áreas do turismo e saúde.
«O processo está adiantado e tivemos hoje aqui uma reunião de parceiros e de subscrição da candidatura com as boas práticas que são necessárias demonstrar na instrução do processo», explicou Jorge Botelho.
«Já temos a confirmação do apoio do Governo e agora estamos a recolher uma série de contributos», adiantou. Durante a sessão, o autarca já havia reconhecido o empenho do novo Governo.
Nesta fase, para garantir que todos os requisitos exigidos são cumpridos, a equipa responsável pela candidatura portuguesa quer começar o processo de inventariação deste património. Um trabalho que se adivinha moroso e trabalhoso, mas que terá de ser começado desde já e garantido para o futuro, para que a UNESCO dê a sua aprovação à entrada de Portugal.
A equipa da Câmara de Tavira responsável pela candidatura conta com toda a ajuda possível e abre a porta a qualquer pessoa que queira dar o seu contributo a este «processo participativo».
O que se pretende é fazer um levantamento de várias vertentes da Dieta Mediterrânica «desde os produtos às festividades, passando pelos métodos de produção e benefícios para a saúde», entre outros, ilustrou o coordenador desta equipa Jorge Queiroz.
Além de se comprometerem a fazer este inventário, os responsáveis pela candidatura portuguesa terão ainda de subscrever um Plano de Salvaguarda comum para os oito parceiros, apresentar um formulário de candidatura e adicionar fotografias e um vídeo, cuja versão preliminar foi apresentada na sessão da passada semana. A fase de entrega de documentos deverá estar despachada em meados de dezembro.
A diversidade de parceiros demonstra bem que a Dieta Mediterrânica é muito mais que uma forma de cozinhar: é um modo de vida e uma valiosa herança cultural. Ou não fosse a palavra portuguesa «dieta» derivada do grego «díaita», que significa estilo de vida.
«A gastronomia, a base desta candidatura, pode servir para percebermos o que é este chavão do Património Cultural Imaterial (PCI)», considerou a diretora regional de Cultura Dália Paulo, após a sessão de trabalho.
«Ou seja, que é algo que está em nós, que está vivo, o que a diferencia do outro património, que passa de geração em geração e se vai aperfeiçoando», ilustrou.
«O que interessa é que o PCI não morra. O que passa de geração em geração é que é verdadeiramente o imaterial. Isso põe a tónica naquilo que me parece mais importante em relação a qualquer tipo de património, que são as pessoas. O património só vale se for vivido no presente, senão não faz sentido», considerou Dália Paulo.
«Este património gastronómico, para nós [Algarve], é fundamental, pois recentra nas pessoas, nas realidades tradicionais e no que é este território», algo que pode ser muito valioso até para o setor turístico, acrescentou.
Neste momento, há já quatro países cuja cozinha tradicional é reconhecida pela organização internacional como sendo PCI: Espanha (a cidade de Soria, na Comunidade de Castela e Leão), Itália (Cilento, na região de Campania), Marrocos (Chefchaouen, nas Montanhas do Rif, no Norte) e Grécia (Koronia, no Golfo de Messenia, Peloponeso). Esta nova candidatura junta à lista Portugal (Tavira), Croácia, Argélia e Chipre.
Veja aqui o vídeo oficial da Dieta Mediterrânica como PCI, envolvendo os quatro países já aprovados: