A Uber pode começar a operar no Algarve já a partir de 2016. No entanto, ao contrário do que acontece em Lisboa e no Porto, os taxistas algarvios não estão muito preocupados com a chegada da Uber à região, já os transferistas temem «concorrência desleal».
Em entrevista ao jornal Público, o responsável pelos assuntos regulatórios da Uber na Europa, Mark MacGann adiantou que «estamos a considerar o Algarve no próximo ano, durante dois ou três meses. Bom, se calhar mais, porque o Verão aqui em Portugal…».
Apesar das queixas e da polémica que o serviço Uber tem gerado em Lisboa e no Porto, principalmente devido a queixas dos taxistas, para António Pinto, delegado da Antral no Algarve, a aplicação que “liga” motoristas a transportados, não vai ter grande sucesso na região, segundo disse ao Sul Informação.
«A nós, isso não nos vai afetar muito, já temos clientes fidelizados, temos o aeroporto… É um serviço mais dedicado às grandes cidades. E não me parece que a Uber venha a ter grande sucesso aqui, nem grande afluência», considerou.
António Pinto ironizou também dizendo que «já há montes de “Ubers” instalados aqui [aeroporto], a maior parte deles trabalhando ilegalmente», apontando para as carrinhas de transferes estacionadas.
Apesar disso, o delegado da Antral não descarta que possam existir protestos no Algarve como aconteceu em Lisboa e no Porto, «em princípio irá haver protestos, até porque nós também participámos nos protestos contra a Uber em Lisboa e no Porto».
Um ponto de vista diferente tem Mónica Caldeira, proprietária da empresa EasyTransfer. A empresária considera que «a Uber é mais uma concorrente e tem o mesmo público alvo que o nosso», mas oferece um serviço que é «concorrência desleal».
«Gostaria que a Uber fosse legislada, para ter os mesmos seguros e encargos que nós. Oferecem o mesmo serviço que nós e os táxis, mas a nós são feitas exigências a nível de seguros, de carta de condução especial, e à Uber não é exigido nada». Por isso, «podem fazer preços mais baixos com os quais vai ser difícil competir».
No entanto, Mónica Caldeira, vê uma vantagem na chegada a Uber, mas só «se lhe forem feitas as mesmas exigências a nível cumprimento de legislação». A empresária acha que «a concorrência é bem-vinda, porque a Uber é uma adição de serviços, é um bom concorrente, e obriga-nos a ser melhores».
O facto de a Uber só vir a funcionar no Algarve durante alguns meses, também não espanta Mónica Caldeira: «É normal, no Inverno não há ninguém, ficamos cá nós a trabalhar, porque somos de cá», concluiu.
O Tribunal de Lisboa proibiu a Uber Technologies Inc. de operar em Portugal depois de uma providência cautelar solicitada pela Antral. No entanto, a Uber Technologies Inc. opera apenas nos Estados Unidos, sendo que, em Portugal, opera com outra empresa do grupo. Por isso, o serviço continua em funcionamento, em Lisboa e no Porto, apesar da decisão judicial.
Apesar de não ter afetado o serviço, o site da Uber em Portugal não está disponível, e a multinacional norte-americana recorreu desta decisão do Tribunal.