O projeto é ambicioso, mas vai mesmo avançar: a Via Formosa será uma realidade em 2019. Um passadiço, com uma extensão de 28 quilómetros e quatro pontes, vai ligar as ilhas-barreira da Ria Formosa dos concelhos de Faro e Olhão.
A ideia é que seja possível ir a pé, ou de bicicleta, desde a Praia de Faro, onde começa o passadiço, até à Fuzeta, onde termina. Pelo meio, a Via Formosa passa pelas ilhas da Culatra, Armona e Fuzeta.
O investimento na obra será em parte financiado pela Sociedade Polis, o que significa que os municípios de Faro e Olhão abdicam, para já, das obras que estavam previstas para os seus concelhos neste âmbito: a requalificação da frente ribeirinha, em Olhão, e a nova ponte da Praia de Faro.
O Sul Informação apurou que, na base da decisão das duas autarquias, está o forte impacto económico que esta obra, única no mundo, promete ter, em particular no turismo, em que é esperado «um enorme retorno imediato».
A juntar a esta questão, as obras da frente ribeirinha de Olhão, cujo concurso deveria ser lançado em Abril, têm causado algum desconforto na cidade e a autarquia irá repensar o projeto.
Já no caso da ponte da Praia de Faro, o parque de estacionamento exterior à ilha tem dado sinais de poder aliviar a carga sobre a infraestrutura.
Fontes de ambos os executivos disseram ao nosso jornal que estas obras continuam a ser «prioritárias», mas podem esperar pelo novo quadro comunitário de apoios, em 2021, que terá uma verba reforçada para investimentos públicos.
No que diz respeito à Via Formosa, o dinheiro da Polis não chega para fazer a totalidade da obra e o restante montante, a rondar os seis milhões de euros, será divido, em partes iguais, pelas Câmaras de Faro e Olhão.
Numa fase inicial, também a Câmara de Tavira mostrou interesse que a Via Formosa chegasse ao concelho, mas o facto de a verba destinada a cada município por parte da Sociedade Polis, já ter sido investida na requalificação das Quatro Águas, esmoreceu o interesse da autarquia.
Pontes levadiças vão ligar as ilhas
A construção de pontes levadiças, que permitem a passagem de embarcações de maior porte, incluindo para o Porto Comercial de Faro, foi a solução encontrada para não prejudicar a navegabilidade na Ria Formosa.
Estas pontes, inspiradas nos bivalves da Ria, serão «um dos ex-libris do Algarve» e prometem «colocar a Via Formosa nos guias turísticos de todo o Mundo», disse fonte autárquica ao nosso jornal.
A solução encontrada foi desenvolvida pela empresa de arquitetura WilkinsonEyre, que construiu a Gateshead Millenium Bridge, no Reino Unido.
Contactada pelo nosso jornal, a empresa revelou que as pontes da Via Formosa «serão uma versão mais “verde” da Gateshead Millenium Bridge. Vão enquadrar-se na paisagem envolvente e serão construídas, maioritariamente, em madeira. Também tivemos em consideração a utilização de energias renováveis, porque é de um Parque Natural de que estamos a falar. Por isso, a elevação da ponte será feita utilizando painéis solares».
Também será através de painéis solares que vão ser alimentados três pontos de carregamento de bicicletas elétricas. Estes vão ficar localizados na Praia de Faro, na Ilha da Culatra e na Fuzeta.
Esta é, aliás, uma das formas encontradas para rentabilizar a obra no imediato, uma vez que serão concessionados, pelas autarquias, três pontos de aluguer destes veículos, apoiados por um bar.
O Sul Informação apurou que já existem empresas interessadas em explorar estes locais, duas delas que, até ao momento, trabalham na área marítimo-turística.
Um destes empresários, que preferiu manter o anonimato, considera que «a obra é boa, mas não para quem faz passeios na Ria Formosa. Fomos ouvidos pelas Câmaras, dissemos isso, e foi-nos aconselhado que mudássemos de ramo. E é isso que estamos a pensar fazer».
Nota: Esta notícia foi uma partida do Sul Informação para assinalar o Dia das Mentiras (1 de Abril). Portanto, por agora, não haverá nenhum passadiço a ligar as ilhas-barreira da Ria Formosa nos concelhos de Olhão e Faro.