A deputada do Bloco de Esquerda Ana Drago defendeu esta segunda-feira em Olhão que o Programa Novas Oportunidades não deve cair e que «o investimento que foi feito não se pode perder».
O Sul Informação falou com Ana Drago no final de uma sessão com alunos e professores da Escola Secundária Francisco Fernando Lopes de Olhão.
Aqui, o enfoque foi para as aspirações e receios dos estudantes, com a crise e falta de meios a fazer parte do discurso de alguns dos alunos.
A parlamentar veio ao Algarve dar início a um périplo pelo país, onde vai tentar perceber «o que vai acontecer» no setor da educação, «qual o contexto das escolas», dando especial enfoque «aos Centros de Novas Oportunidades (CNO)» e aos Territórios de Intervenção Prioritária (TEIP), uma resposta educativa a alunos em risco de exclusão social e escolar.
Em Lagos, Ana Drago reuniu-se com formadores e formandos do CNO da Escola Secundária Júlio Dantas. «Acho que foi experiência muito boa, porque nos permite perceber o que há a melhorar ao nível das ofertas formativas», disse.
«Também nos permitiu perceber a importância de manter esta rede, que permitiu que tanta gente com experiência de vida e até pais de alunos que estão na escola, regressassem aos estudos para certificar os seus percursos profissionais», acrescentou.
Quanto às críticas de que o programa tem sido alvo, nomeadamente de ser muito orientado para os resultados estatísticos, a deputada do BE defendeu «que um dos aspetos que temos de ter uma conversa é sobre a imposição de metas». «Esta medida obrigou os CNO a ter uma resposta que parece que não é real», considerou.
Algo que «retirou alguma credibilidade aos próprios diplomas». «Isso é o pior que pode acontecer num programa tão fundamental para Portugal como a educação de adultos», afirmou.
Já em relação à sessão de Olhão, Ana Drago salientou os testemunhos de alunas de um curso profissional, que mostraram o receio de não poder continuar os estudos, aliados ao medo generalizado «que não vai haver emprego nem futuro neste país».
«Algumas alunas contaram-nos as dificuldades que têm, porque as ofertas de formação profissional não têm manuais e elas têm que fazer fotocópias e comprar uma série de material para fazer os módulos. E isso é muito oneroso», contou. Talvez por isso, só nesta turma, «entraram 30 alunos, mas apenas se mantém 11».
Ana Drago comprometeu-se a lançar o debate na Assembleia da República sobre o reforço de apoios sociais a alunos, em áreas como a alimentação e material escolar, que permitam atenuar o abandono escolar.
«Acho que este é dum dos sítios onde Portugal não pode poupar. Pode fazê-lo nas Parcerias Público-Privadas, nos salários do doutor Catroga, mas não pode poupar na educação, porque é a única hipóteses que temos de fugir à crise», considerou a deputada do BE.