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António Branco_1O «aumento muito significativo» de novos alunos estrangeiros, que escolheram o Algarve para fazer cursos superiores completos, revelou-se um balão de oxigénio financeiro para a Universidade do Algarve.

Segundo o reitor da UAlg António Branco, este ano letivo ingressaram na instituição 185 candidatos provenientes de outros países, um número bem superior aos 50 de 2015/16 e que dá um bom contributo para enfrentar os problemas de sub-financiamento com que a academia se debate.

Os alunos em causa vieram ocupar vagas de primeiro ano, de um contingente especial para alunos estrangeiros, e pagam «uma propina diferenciada», que vai desde os 2000 aos 3500 euros anuais (a propina para alunos portugueses é de 969,83 euros). Isto permitiu que a sua chegada tenha «compensado, em parte» a manutenção do valor das propinas no primeiro ciclo, deliberada pelo Conselho Geral.

As contas da UAlg foram um dos assuntos abordados esta sexta-feira num encontro com os jornalistas promovido pela reitoria da universidade. António Branco não fugiu a responder a todas as perguntas que lhe foram colocadas, que foram desde a situação financeira da instituição às praxes, passando pelo curso de medicina e pelo criação de um hospital universitário na região, dentro de alguns anos.

No campo do orçamento da UAlg, o reitor não escondeu o seu descontentamento pela verba que lhe foi destinada, no bolo do financiamento do Estado ao Ensino Superior: cerca de 33 milhões de euros. Um valor que «é insuficiente para pagar todas as despesas com pessoal, não cobrindo mais do que 75 por cento» das necessidades.

Este valor é inferior «em 7 milhões de euros» à dotação orçamental que a UAlg teve em 2010, que rondou os 40 milhões de euros. E, embora tenha aumento «em cerca de 2,5 por cento em relação ao ano anterior, isso permite apenas cobrir o acréscimo de despesa motivado pela reposição dos vencimentos no setor público».

 

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Isto obriga a universidade a encontrar soluções do lado da receita, para equilibrar o seu orçamento. «Isso é feito de três formas: através das propinas cobradas aos alunos, ou seja, do esforço das famílias, através de projetos em que somos parceiros e através da prestação de serviços», resumiu.

O reitor chegou a propor um aumento do valor da propina, para o ano letivo de 2016/17, mas a sua proposta foi rejeitada pelo Conselho Geral. Uma rejeição que não teve um peso tão grande como seria de esperar nas contas da UAlg devido aos muitos alunos estrangeiros que entraram, que aumentou para «cerca de 200» os estudantes vindos de fora a tirar cursos na instituição e que pagam uma propina mais elevada.

Entre alunos “permanentes” estrangeiros e estudantes que optam por fazer parte da sua formação na UAlg ao abrigo de programas internacionais e de mobilidade, como o Erasmus, a universidade algarvia conta já com 1200 alunos que vieram de fora. Ou seja, perto de 15 por cento da população estudantil da UAlg veio de outros países.

Apesar disso, a situação da universidade não é sustentável a longo prazo, caso o valor das transferências diretas do Estado se mantenha nos mesmos níveis. «Se o nível do corte na dotação for reduzido para metade dos 7 milhões de euros que perdemos desde 2010, penso que estaria encontrado o equilíbrio», disse António Branco.

António Branco mantém a esperança de que o sub-financiamento das Instituições de Ensino Superior conheça uma inversão, em breve. «Quando se aplicou o memorando da Troika, houve cortes em todos os setores públicos. Terminado o programa de ajustamento, a nossa expetativa é que os valores de financiamento regressem ao que eram», considerou.

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