O Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve (UAlg) está a investigar o efeito dos microplásticos em moluscos bivalves.
«Esta investigação, que se realiza no âmbito do projeto JPI Oceans EPHEMARE, centra-se nos efeitos ecotoxicológicos de microplásticos em ecossistemas marinhos. Os microplásticos são plásticos com dimensão inferior a 5 milímetros, que resultam da degradação do plástico no oceano», explica a UAlg.
Num artigo recentemente publicado na revista “Marine Pollution Bulletin” pela equipa do CIMA, em colaboração com investigadores do Centro de Química-Física Molecular e do Instituto de Nanociências e Nanotecnologia do Instituto Superior Técnico, conclui-se que estes bivalves podem acumular microplásticos nos seus tecidos.
«Essa acumulação dá origem a stress oxidativo, efeitos neurológicos e genéticos. Mesmo após a exposição aos microplásticos terminar, a eliminação total dos tecidos destes bivalves demora mais de uma semana, indiciando a possibilidade destes microplásticos acumulados poderem ser transferidos para níveis tróficos superiores», acrescenta a academia algarvia.
«Atualmente, estima-se que existam 150 milhões de toneladas de plásticos nos oceanos, e que em 2050 poderão ascender 850 milhões de toneladas, altura em que se prevê que haja no oceano mais plástico do que peixe», conclui a UAlg.
O projeto Straw Patrol, que até ganhou uma menção honrosa no Prémio Terre de Femmes, da Fundação Yves Rocher, da bióloga marinha Carla Lourenço, do Centro de Ciências do Mar da UAlg, também está relacionado com esta questão do lixo marinho.