Trajes académicos com a capa fechada no pescoço, em sinal de luto, camisolas escuras, quase sempre pretas, a cobrir os caloiros, caras (na generalidade) limpas e silêncio, um profundo silêncio. Quem esperava ver um Desfile da Receção ao Caloiro da Universidade do Algarve (UAlg) com animação, cânticos e caloiros pintados e vestidos com cores garridas, ficou com as expetativas goradas.
Em 2016, os universitários do Algarve vestiram-se a rigor para protestar contra as medidas da reitoria para regrar as praxes ditas tradicionais e deixaram em casa a habitual animação que carateriza este cortejo.
Num despacho lançado antes do início do ano letivo, o reitor da UAlg António Branco impôs regras apertadas para a receção aos novos alunos, a chamada praxe, entre as quais a proibição de usar «substâncias que ofendam a higiene e a saúde, individual ou pública, nomeadamente que visem criar maus odores ou sujidade nos estudantes», durante o desfile. Também não era permitido «distribuir ou fornecer, a qualquer título, bebidas alcoólicas a alunos que integrem o cortejo».
As regras foram cumpridas à risca, embora muitos dos alunos não se tenham coibido de consumir cerveja durante o cortejo. Mas, seguindo a regra à letra, nada os impedia de o fazer – desde que não fornecessem mais ninguém.
O final do desfile, que como é habitual partiu do Campus da Penha da UAlg e terminou no Largo de São Francisco, foi o único momento que destoou da solenidade que durou durante a caminhada até a este local. Aqui, as vozes soltaram-se, em antecipação ao momento do batismo de praxe, proporcionado por um auto-tanque dos Bombeiros Sapadores de Faro.
Veja as fotos do desfile/protesto da Receção ao Caloiro da UAlg:
Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação