Um drone a voar pelo Horto do Campus de Gambelas, para mostrar como a tecnologia pode estar ao serviço da agricultura, e uma aula de surf, num ginásio do Campus da Penha, onde não faltaram as pranchas (e as quedas), foram algumas das propostas do Dia Aberto da Universidade do Algarve (UAlg), que levou ontem mais de 2 mil alunos a visitar a Academia algarvia.
Não é o cenário mais comum, mas, ao mesmo tempo, alunos da Escola Júlio Dantas, em Lagos, da Escola Francisco Fernandes Lopes, em Olhão, e da Escola Poeta António Aleixo, de Portimão, estão de olhos postos no céu. Sorridentes, parecem estar à procura de algo. Há até quem comente: «será um pássaro? Um avião?». Não: é um drone.
Carlos Guerrero, diretor do curso de Agronomia, está ao leme da máquina. Bem, na verdade, o trabalho do professor é definir para onde e como deve voar o drone, uma vez que este se movimenta de forma automática. De tablet e de comando na mão, vai explicando aos alunos como se faz.
Firmo Toledo, aluno da Escola Francisco Lopes, é um dos mais atentos. «Já conhecia como funcionavam os drones, mas isto suscitou-me ainda mais interesse», diz ao Sul Informação. Ainda assim, para o futuro, o seu objetivo não é bem seguir esta área. «Quero ser biólogo marinho, mas estou a gostar muito desta atividade», revela.
E nem a queda do drone, num exercício falhado, que até estragou as hélices da máquina, pareceu beliscar o entusiasmo de Firmo, que, tal como os restantes colegas, se riu da situação, para embaraço do professor Carlos Guerrero.
O objetivo principal desta ação é «despertar interesse nos alunos para que percebam que o conceito que têm de agricultura – de enxada na mão e com uma mula – é errado», explica o professor ao nosso jornal. Até porque, hoje, a agricultura já se faz «com muita tecnologia de ponta», acrescenta o diretor do curso de Agronomia.
O drone utilizado nesta demonstração é sinónimo disso mesmo, uma vez que permite, por exemplo, tirar várias fotos, que permitem perceber melhor o estado das plantações, numa área de 10 a 15 hectares. «A tecnologia faz com que se produza mais, com menos fatores de produção, enquanto somos mais amigos do ambiente», explica, sorridente, Carlos Guerrero.
Apesar de o seu curso «não atrair», a verdade é que, revela, orgulhoso, já tem havido casos «de alunos que, depois de virem ao Dia Aberto, entraram em Agronomia».
Já André Botelheiro, coordenador do Gabinete de Comunicação e Protocolo da UAlg, em entrevista ao programa “Impressões”, da Rádio Universitária do Algarve (RUA FM) e do Sul Informação, tinha dado um testemunho idêntico.
«Ainda esta semana falava com alunos que nos ajudam na organização deste Dia Aberto e perguntei-lhes quem tinha participado na iniciativa. Todos o tinham feito e guardavam boas recordações», disse então. «O Dia Aberto não contribui, por si só, para uma decisão acerca do curso e da instituição, mas as atividades contribuem para essa escolha. Muitos tiram dúvidas naquele momento», acrescentou.
No ginásio da Escola Superior de Educação e Comunicação, do Campus da Penha, o ambiente é desportivo… mas pouco normal para um sítio fechado. Ao longo do espaço, há pranchas, em cima de bolas medicinais, e alunos deitados, como se estivessem a remar. Os instrutores do Clube de Surf de Faro tentam, por sua vez, explicar, dentro de portas, como se pratica este desporto.
Na fila para tentar colocar-se de pé na prancha, está Pedro Albino, aluno no 2º ano do curso profissional de Gestão Desportiva na Escola Francisco Fernando Lopes. Iniciativas como esta são, no seu entender, «importantes para, caso queiramos prosseguir os estudos, sabermos o que encontrar cá».
Tal como os colegas de turma, Pedro já teve oportunidade de fazer surf no mar, mas diz esta simulação in-door «já dá para ter uma noção do que é». Quanto ao curso de Desporto da Universidade do Algarve, este jovem revela ao Sul Informação ter ficado «muito interessado». «Quando puder, e se puder, quero vir para o curso», atira.
Um dos instrutores que tenta ensinar a praticar este desporto, de uma forma sui generis, é Rodolfo Teixeira. «Com esta iniciativa, conseguimos fazer com que haja um primeiro contacto com a modalidade. Temos uma série de exercícios, relacionados com as técnicas base, que podemos usar em contexto de ginásio», diz.
Ainda assim, alerta, dali os alunos não devem sair, logo, a achar que sabem surfar, porque… «o mar tem as suas dificuldades».
E essas até se fizeram sentir ali, sem perigo, para os que arriscaram tentar equilibrar-se em cima da prancha. Pedro e os colegas iam assistindo curiosos e bem dispostos. «Cheguei há pouco cá, mas tudo isto é muito agradável», conclui, sorridente.
Este Dia Aberto esgotou a sua capacidade, contando com cerca de 2 mil alunos do ensino básico e secundário de todas as escolas do Algarve e de algumas do Alentejo, que foram conhecer um pouco do que se faz dentro da universidade algarvia.
Em jeito de conclusão, André Botelheiro considerou que este dia superou as expetativas, explicando que para a sua realização foi necessária uma forte mobilização da academia.
Segundo o coordenador do Gabinete de Comunicação e Protocolo da UAlg, cerca de 600 pessoas, entre elas, alunos, funcionários e professores, trabalharam em conjunto para levar a cabo mais uma edição do Dia Aberto.
Na sua opinião, este tipo de iniciativas tem grande importância, «não só pela divulgação da oferta formativa e, consequentemente, da UAlg no seu todo, mas também pelo impacto que possa ter na divulgação e no incentivo da prossecução dos estudos superiores». Fica a promessa de que «para o ano faremos mais, se não igual, melhor!»
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Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação