São 9h30 da manhã e os alunos da Escola Secundária EB3 Dr. Jorge Correia, em Tavira, não estão nas aulas. Em grupos, esperam à porta do estabelecimento de ensino que seja 10h00, altura em que os assistentes operacionais, em luta para que sejam contratados mais trabalhadores para o seu agrupamento de escolas, vão abrir as portas dos blocos, para que as aulas possam começar.
Até sexta-feira, mantém-se esta greve parcial, entre as 7h30 e as 10h00, e os assistentes operacionais em protesto esperam que o Governo os ouça e faça mais contratações. Se não, prometem «levar a greve até Lisboa».
Maria Eduarda Nunes é uma das trabalhadoras deste agrupamento escolar. «Lutamos contra a falta de funcionários, estamos a trabalhar o dobro, o que torna as coisas muito complicadas e só conseguimos ter as coisas a funcionar com muito sacrifício», lamenta ao Sul Informação.
No entanto, garante esta funcionária, «tentamos fazer o melhor possível, para que nada fique por fazer. Muitas vezes, temos de trabalhar durante as horas de almoço para conseguirmos ter o serviço feito quando for hora de sair».
Apesar do esforço, não há milagres. Os alunos, no dia a dia, notam a falta de trabalhadores e, apesar de o cancelamento de aulas lhes trazer inconvenientes para os estudos, mostram-se solidários com a luta dos assistentes operacionais. «Na papelaria, é onde notamos mais. Vemos que há uma sobrecarga, dá a sensação que têm de estar em três sítios ao mesmo tempo», diz Rodrigo António, aluno do 10º ano, que, com os colegas, aguarda o início das aulas.
Durante os últimos dias, os efeitos da greve notam-se particularmente na cantina, onde «não tem havido prato principal, só sopa e peça de fruta. Tem sido uma fome…», acrescenta André Fernandes.
Esta situação foi confirmada ao nosso jornal por José Baía, diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Jorge Augusto Correia, que garante que «já sabia que isto ia acontecer. Já tinha alertado a tutela, no final de Julho, e não tivemos resposta. As pessoas não fazem milagres».
De acordo com o responsável, «nota-se que as pessoas estão sobrecarregadas, sem capacidade de resposta para as várias valências. E são todos excelentes profissionais».
Por isso, José Baía diz que os funcionários em greve «estão a fazer o que lhes assiste numa situação destas».
De acordo com o diretor do agrupamento, «há 47 funcionários contratados, mas 5 estão doentes, isto torna a situação ainda mais complicada. De acordo com os rácios definidos pelo Governo, deviam ser 40 os funcionários do agrupamento. Não concordamos com a tipologia, se, já com os que temos, não conseguimos funcionar».
A situação também preocupa Jorge Botelho, presidente da Câmara de Tavira, que espera «que o Ministério da Educação abra concursos para contratar mais profissionais».
Para o autarca, o «Delegado Regional de Educação deve fazer uma avaliação concreta em relação ao que se está a passar para aferir se faltam ou não assistentes o que, na perspetiva dos diretores das escolas e da Câmara, é uma realidade».
Esta avaliação pode ser feita quando o responsável visitar as escolas, algo que ainda não aconteceu. «Já convidámos o Delegado Regional de Educação para uma visita, e para ver a situação da Escola e estamos à espera», conclui José Baía.
O Sul Informação já tentou contactar com a Delegação Regional de educação, sem qualquer sucesso.