Um grupo de mães e pais «indignados» fechou esta manhã o Jardim de Infância de Alvor a cadeado, para protestar contra a substituição de uma educadora por outra que é doente oncológica, afetando os 24 jovens alunos da turma D.
A corrente e o cadeado que fechava a entrada do Jardim de Infância acabaram por ser cortadas e retiradas pela GNR, menos de uma hora depois do início do protesto. Neste momento, o grupo de «pais indignados» – como se auto denominam – está a ter uma reunião com a direção do Agrupamento de Escolas da Bemposta, Portimão, para tentar resolver o problema.
Ana Santos, uma das mães, explicou ao Sul Informação que a educadora Maria do Rosário, que trabalhava com a turma D desde Outubro, substituindo a educadora titular, que está com baixa de doença, «tem agora três dias para deixar o Jardim de Infância», uma vez que a Junta Médica a que a educadora Margarida se submeteu a considerou apta para voltar ao serviço ativo, apesar de ela continuar doente. Essa informação foi passada ontem durante uma «reunião de Pais, que foi convocada extraordinariamente».
Nessa reunião, acrescentou Ana Santos, «a professora Margarida alertou que, daqui a três semanas, vai colocar atestado pois os seus problemas de saúde não lhe permitem trabalhar». E as crianças voltarão a ficar sem educadora.
Ana Santos recorda que, «durante dois anos, a professora Margarida não pôde trabalhar. Não tem a destreza física para voltar a exercer funções, nem a disponibilidade psicológica para tal. Daqui a três semanas, vai colocar atestado. A professora Maria do Rosário já não regressa, pois volta para a bolsa de contratação, e, decerto, não ficará no topo da lista para contratação. Por esta altura, estaremos em abril e, até solucionarem a falta de professor na sala D do Jardim de Infância de Alvor, irão se passar muitas semanas!! O Jardim de Infância de Alvor encerra a 4 de julho».
A mãe da pequena Maria Leonor sublinha ainda, nas suas declarações ao Sul Informação, que «a instabilidade é uma consequência muito grave para uma turma de 24 crianças, onde 17 delas têm 3 anos e seis irão ingressar o 1º ciclo em setembro. Qual a preparação destas crianças?».
«Esta é uma turma difícil e a professora Maria Rosário tem feito um trabalho excecional. Mais do que o seu trabalho pedagógico, reconheço-lhe qualidades humanas excecionais que lhe permitem fazer um trabalho fantástico com estas crianças. Porquê alterar o que está bem?», interroga.
«Mais grave ainda: quem irá assegurar a continuidade do trabalho? Numa escola onde faltam auxiliares, será a animadora que assegurará a continuidade do serviço, pondo também em causa as restantes turmas que estarão privadas do trabalho dela», acrescenta Ana Santos, que conclui: «Manifesto o meu descontentamento e fico deveras atónita por neste país ainda andarmos a brincar com a educação das crianças!»
Outra mãe que participou no protesto desta manhã, Laura Duarte, sublinhou que a situação é «desumana para a professora Margarida, que tem que vir trabalhar quando tem uma doença grave, desumano para quem a substituiu e que estava a fazer um bom trabalho, mas tem agora três dias para se ir embora, e desumano para as crianças, que ficam sem a professora que conheciam e, dentro de três semanas, não terão ninguém».