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Biologia Marinha e Biologia no Desfile do Caloiro
Biologia Marinha e Biologia no Desfile do Caloiro

Uma praxe na Praia de Faro, ontem à noite, acabou mal para uma aluna do curso de Biologia da Universidade do Algarve. A rapariga de 19 anos acabou por ter de ser transportada para o Hospital de Faro, segundo o Jornal de Notícias, devido ao consumo em excesso de bebidas alcoólicas.

O reitor da Universidade do Algarve já instaurou um processo de averiguações, sendo que um aluno que esteve presente na praxe disse ao Sul Informação que tudo não passou de «um problema de comunicação».

Segundo um ex-aluno do curso, que esteve presente na praxe, e que prefere manter o anonimato, o incidente aconteceu durante o ritual de batismo, que marca o fim das praxes e, no qual, as chamadas “bestas” passam a “caloiros”.

«Quando cheguei, cerca das 19h10, a praxe já tinha começado. No ritual de batismo, os caloiros entrerram-se a si próprios na areia, sendo que podem a qualquer hora levantar-se, porque é superficial. Ficam a aguardar a sua vez de serem batizados, pelo padrinho e pela madrinha, o que acontece quando vão à água e molham-se, e a praxe acaba aí», contou.

O aluno assume que «há bebida, mas ninguém obrigou a aluna a beber, bebe quem quer, por isso levámos refrigerantes e águas, para aqueles que não queriam beber. O que se passou é que houve um problema de comunicação. A caloira não tinha comido nada durante o dia, não disse nada e aconteceu um acidente. Agora está a haver um grande sensacionalismo por parte dos media».

Assim que a aluna se começou a sentir mal, «desenterrámo-la, e chamámos a ambulância», garantiu.

praia de faro
Praia de Faro

O ritual de batismo desta forma «todos os anos acontece, é um ritual perfeitamente normal, mas desta vez correu mal», disse.

Nuno Lopes, presidente da Associação Académica da Universidade do Algarve, também esteve ontem à noite na Praia de Faro, depois de ter tido conhecimento sobre o sucedido, mas a aluna já tinha sido transportada de ambulância. Nuno Lopes falou com outros alunos presentes, mas «uns tinham visto, outros não tinham visto, não houve uma versão concreta, ou linear, para tentar perceber o que realmente se passou, se houve, ou não má prática».

Foi o dirigente estudantil que entrou em contacto com a Reitoria da Universidade do Algarve para dar conta do caso. «Se aconteceu alguma coisa que não devia ter acontecido, existe disponibilidade da Associação Académica, para num clima de diálogo estreito com a Reitoria, responsabilizar legalmente, ou através do regulamento disciplinar, quem praticou o ato», assegurou.

Nuno Lopes mostra-se também disponível para «dar toda a ajuda à aluna e à família, com custas hospitalares, e todo o apoio necessário, para que este episódio infeliz não fique na memória de uma estudante que acabou de chegar à Universidade».

Nuno Lopes
Nuno Lopes

O presidente da AAUalg assume que uma praxe em que os alunos estão enterrados na areia, na praia, «talvez não possa ser considerada uma praxe normal, naquilo que é a praxe social e de integração, nesse sentido não se enquadra, mas se todos estiveram lá de livre e espontânea vontade, não há nada que nós, ou a reitoria, ou a polícia, possa fazer».

É isso que Nuno Lopes quer averiguar, «se os alunos estiveram bem, ou mal na prática da praxe, uma vez que não deve haver consequências para aqueles que praticam bem a praxe».

No entanto, o que o presidente da AAUAlg condena é a hora a que foi realizada a praxe: «à noite, na praia, é uma receita para o mediatismo. Para além da aluna, também a Universidade e o curso, que é uma das referências da UAlg, podem sair prejudicados».

Hoje de manhã, o reitor da Universidade do Algarve António Branco emitiu um comunicado onde adiantou que decidiu «instaurar um processo de averiguações para apuramento de eventuais responsabilidades disciplinares dos estudantes da universidade envolvidos nessa lamentável ocorrência».

António Branco
António Branco

António Branco lembra no documento enviado às redações que tinha alertado a comunidade académica através de uma nota interna que «não haverá tolerância relativamente a todos os atos de receção dos novos alunos, dentro ou fora dos campi da Universidade do Algarve, que atentem contra os direitos à integridade física e moral, à liberdade e à segurança de qualquer estudante, direitos esses consagrados na Lei e, por isso, acima de qualquer praxe, regulamento ou tradição».

O reitor apela «à serenidade dos membros da Academia, esperando que este momento proporcione uma reflexão individual e coletiva sobre os valores que devem prevalecer e ser preservados na Universidade do Algarve, em defesa de uma convivência sã e verdadeiramente académica».

Segundo adianta o Jornal de Notícias, vários jovens foram ontem identificados pelas autoridades na Praia de Faro depois do incidente.

A jovem de 19 anos ainda está no Hospital de Faro, no serviço de Urgência, em observação, segundo revelou fonte do CHA ao Sul Informação.

 

Atualizada às 14h30, alterando o título

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