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refugiados síriaOs 50 refugiados do Médio Oriente ou Norte de África que o eventual centro de acolhimento a ser criado algures no concelho de Olhão poderá vir a receber são apenas uma pequena fatia dos 1500 que o Governo português se disponibilizou, ainda em Julho, para receber.

Em Olhão, o presidente da Câmara opôs-se à instalação do centro de acolhimento no terreno inicialmente disponibilizado pelo Núcleo da Cruz Vermelha Portuguesa na Fuseta, alegando que essa instalação do centro da localidade «não se coaduna» com «uma vila que está a desenvolver-se no sentido do turismo».

Como tal, a autarquia apresentou dois espaços alternativos, nas freguesias de Quelfes e Pechão, que são fora da localidade, «mas próximas da malha urbana», estando ainda em estudo a hipótese de instalação do centro em Moncarapacho.

O autarca aproveitou para criticar o Governo, que considera «não ter feito o trabalho de casa», dizendo que a «boa vontade não chega» e que é preciso organização para avançar com o projeto.

Por seu lado, em Lisboa, o presidente da Câmara, o também socialista Fernando Medina, não está à espera do Governo para resolver a questão e anunciou já a criação de um fundo de dois milhões de euros, que será gerido em articulação com outras instituições, para apoiar os refugiados que venham para a cidade.

«Criaremos um fundo de cerca de dois milhões de euros, que utilizaremos em articulação com instituições como a Santa Casa da Misericórdia, que é linha avançada na resposta a este problema», como o Conselho Português para os Refugiados e como a Cruz Vermelha, «para que possamos dar as respostas básicas e fundamentais à crise humanitária», informou Fernando Medina.

Fernando Medina, que falava na TVI24, avançou que em Lisboa «está a ser preparada, por várias instituições, uma rede de acolhimento» aos refugiados que vierem para a cidade.

«O compromisso que existe da parte de Lisboa é não só fazer a sua parte», de apoiar estes refugiados, como também «dar um contributo adicional», através da criação do fundo, salientou, qualificando esta realidade como «a luta pela vida e pela sobrevivência».

Por seu lado, Teresa Tito de Morais, presidente do Conselho Português para os Refugiados (CPR), disse acreditar que Portugal tem capacidade para acolher mais refugiados do que os 1500 que o Governo se disponibilizou para receber.

Embora não disponha de dados concretos, Teresa Tito de Morais estimou que a chegada dos refugiados «não deverá acontecer antes dos finais de outubro», uma vez que falta ainda «uma decisão política» e certezas relativamente ao financiamento do projeto.

«Falta a decisão de quando é que chegam estas pessoas, em que condições vêm», afirmou, sublinhando que os refugiados serão distribuídos por vários pontos do país e que o projeto previsto para Olhão terá ainda que passar «pelas autoridades portuguesas e por financiamento da Comissão Europeia».

Admitindo que a chegada de 50 pessoas a uma zona como a Fuseta «pode transtornar» a vida dos residentes, aquela responsável sublinhou que aquelas pessoas «não vêm roubar empregos a ninguém», mas sim, «com necessidade de sobrevivência» e, muitas delas, «a quererem contribuir para o desenvolvimento do país que as acolheu».

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