Javali ensopado ou estufado, caldeirada de borrego ou pernil de porco e entrecosto, sobremesas de figo, amêndoa ou alfarroba. Estes são apenas alguns dos ingredientes do Festival de Gastronomia Serrana, em Tavira, que começa amanhã, dia 4, e se prolonga até 23 de abril.
Neste festival, que já vai em onze edições e é dedicado ao que de bom se produz e se come na serra, participam os restaurantes “A Charrua”, em Cachopo, “O Constantino”, “O Monte Velho” e “Herdade da Corte”, na freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, e ainda “O Forno”, em Santo Estêvão. Quem quiser aproveitar bem, deverá consultar a brochura (ver link abaixo), já que, em alguns dos casos, os menus especiais só estão disponíveis por reserva.
O segredo da boa gastronomia da Serra de Tavira é a conjugação dos produtos frescos, da época e produzidos localmente, com a tradição do saber fazer, aliados à riqueza natural do concelho. No fundo, ingredientes que também estiveram na base da escolha de Tavira para comunidade representativa de Portugal da Dieta Mediterrânica – Património Cultural Imaterial da Humanidade, reconhecida pela UNESCO, em dezembro de 2013.
Jorge Queiroz, diretor do Museu de Tavira e responsável pela vitoriosa candidatura portuguesa da Dieta Mediterrânica, explicou ao Sul Informação que «há várias dietas mediterrânicas, de acordo com os países, e isso acrescenta-lhe diversidade, mas há linhas comuns – o azeite, o pão, as sopas, os caldos, o uso de produtos frescos, produzidos localmente».
Mesmo no próprio concelho de Tavira há mais do que uma vertente da dieta mediterrânica, com diferenças entre o litoral e a serra.
«Há toda uma riqueza que varia com as estações do ano, cada estação tem os seus próprios alimentos e pratos tradicionais», acrescenta Jorge Queiroz. Mas a dieta mediterrânica tem ainda uma riqueza associada às festividades, «que são um aspeto cultural muito importante». «Nesta altura da Primavera e até aos Santos Populares, são festas ligadas à erupção da Natureza, ligadas por isso à fertilidade e à juventude. Os piqueniques no campo, por exemplo, os Maios».
Mas a Dieta Mediterrânica, como Jorge Queiroz faz questão de insistir, é mais do que gastronomia e um conjunto de tradições. É «um modo de vida», que passa por todas essas festas, por uma riqueza e diversidade alimentar que, mesmo em tempos de menos abundância, permite uma «condição de saúde hoje reconhecida mundialmente».
Talvez por isso, quem for à serra para degustar os pratos oferecidos pelos restaurantes participantes no Festival de Gastronomia Serrana, além de descobrir um rico património gastronómico, habilita-se a ganhar um fim-de-semana, por sorteio, numa unidade de alojamento turístico: Herdade da Corte, em Santa Catarina da Fonte do Bispo, Vila Campina, na Luz de Tavira, ou Quinta dos Perfumes, na Conceição de Tavira. Aí, sim, poderão desfrutar em pleno desse saudável dolce fare niente da Dieta Mediterrânica.
O Festival que habitualmente tem lugar em abril, e que inclui o fim-de-semana da Páscoa, é apenas uma das muitas iniciativas que a Câmara de Tavira dedica, ao longo do ano, a valorizar a sua gastronomia e a Dieta Mediterrânica agora alcandorada a Património da Humanidade. Em maio, de 2 a 25, será a vez de o festival rumar ao litoral, para se dedicar à gastronomia do mar.
O ponto alto desta valorização terá lugar no primeiro fim de semana de setembro, data para a qual já está a ser preparada a segunda edição da Feira da Dieta Mediterrânica, um certame que, explicou Jorge Queiroz, «todos os anos fará o balanço do que tem sido feito após a inscrição da Dieta Mediterrânica na lista do Património Mundial, sendo uma espécie de barómetro». Sempre com a comunidade de Tavira na crista da onda. Ou no alto da serra, como acontece com este festival.
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