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A Al-Portel – Associação de Defesa do Ambiente e do Património Cultural de São Brás de Alportel acusa a Câmara Municipal de confundir «requalificação com destruição», devido ao abate das poucas árvores existentes no separador central da Avenida da Liberdade, naquela vila.

Segundo a associação, as mélias (Melia azedarach), já com «porte bastante significativo», serão agora substituídas «por exemplares juvenis de ameixeiras que, do ponto de vista da arborização de arruamentos, constituem uma opção inconcebível».

Vítor Guerreiro, vice-presidente da autarquia são-brasense, explicou ao Sul Informação que as árvores abatidas estavam «estragadas» e já eram «muito velhas». A operação avançou esta quarta-feira.

«Nos últimos meses houve duas situações de quedas de árvore que atingiram carros que estavam estacionados. Se estivessem em andamento até podiam ter causado um acidente», acrescentou.

Além disso, disse ainda o autarca, «as raízes estão a levantar o pavimento e a Câmara já teve de pagar duas ou três vezes o arranjo de jantes, que lá bateram. Também estavam a afetar o sistema de saneamento. Frequentemente os serviços tinham de retirar raízes que estavam a entupir os canos».

Para tentar serenar os ânimos, Vítor Guerreiro adianta que «uma das árvores, que é mais pequena, não está estragada e vamos tentar transplantá-la».

No total, a operação passa por abater e arrancar «quatro árvores» e substituí-las por «ameixeiras de jardim, de folha vermelha e verde. Vamos plantar 15 a 20 árvores. Também arrancaremos os arbustos que lá estão para os substituir por roseiras sevilhanas, que criam uma sebe compacta e quando estão floridas ficam de um vermelho muito bonito».

O vice-presidente da Câmara frisa ainda que «tivemos de escolher uma espécie que nunca terá o mesmo porte. Encomendámos árvores com 2,5 metros de altura. Vamos plantá-las alternadamente, quatro de folha vermelha com quatro de folha verde, para dar um efeito mais bonito. A copa também dá para aparar, criando diferente formas».

Apesar destas explicações, a associação Al-Portel manifesta a sua «perplexidade perante a recente operação de “requalificação”» e acusa a gestão camarária dos espaços exteriores de «permanecer congelada num tempo primitivo, em que tais espaços são entendidos como o que sobra do edificado, e a vegetação, material fundamental da qualidade paisagística e da salubridade ambiental dos aglomerados urbanos, continua a ser vista como um incómodo, e a ser gerida de forma perfeitamente incoerente».

A Al-Portel, que diz ter sido alertada para o caso pelas «inúmeras queixas recebidas por parte dos seus associados», admite que «não foi destruída nenhuma espécie protegida, não foi violada qualquer lei, não há qualquer irregularidade».

No entanto, sublinha, «apenas foi demonstrada uma gritante e preocupante falta de sensibilidade, materializada na eliminação de aspetos marcantes na imagem da principal artéria da Vila. Mais ainda, eliminou-se o papel (mesmo que residual) destas escassas árvores na circulação de massas de ar deste (agora) corredor eólico».

A associação acrescenta que «um Município que supostamente aposta no ambiente e na qualidade de vida como eixos estruturantes do seu desenvolvimento não destrói os únicos elementos de amenidade paisagística do principal eixo urbano da Vila de São Brás de Alportel. De um dia para o outro, a Avenida da Liberdade, salão de visita da vila, transformou-se num canal de asfalto, confinado por betão, sem qualquer identidade ou qualidade arquitetónica ou paisagística».

A Al-Portel lamenta ainda aquilo que considera como uma «total ausência de respeito pelo papel da vegetação na qualidade urbana e ambiental», demonstrado pela Câmara de São Brás, desrespeito que considera que se traduz na escolha da espécie de substituição.

«É lamentável também a opção pelo abate, e não pela adequada poda das árvores existentes. E considerar que gravetos substituem árvores, torna-se mesmo confrangedor».

A associação sublinha que «as árvores agora plantadas não só irão gerar imensos resíduos (importa lembrar que são árvores de fruto, e de folha caduca, colocadas no centro de uma via de circulação), como também irão crescer. Ou seja, estão à partida condenadas, no atual modelo de gestão camarária dos espaços exteriores».

Quanto aos pedidos de abate das árvores que o vice-presidente da Câmara diz ter recebido, a Al-Portel defende que «mesmo que confrontada com pedidos nesse sentido, e ainda que em ano eleitoral, uma autarquia é mandatada para gerir a coisa pública, na perspetiva do interesse comum, não do somatório de alguns interesses ou pedidos particulares».

Respondendo à contestação, Vítor Guerreiro disse apenas: «sabemos que haverá sempre contestação, mas a situação tinha de ser resolvida».

 

Texto de Elisabete Rodrigues com Hugo Rodrigues

 

 

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