O cabo algarvio Militão dos Santos, que integrou a primeira coluna do Regimento de Cavalaria 7 enviada para deter as forças de Salgueiro Maia, no Terreiro do Paço, e que se passou, quase de imediato, para o lado da Revolução, vai recordar o que viveu no 25 de Abril de 1974, na segunda-feira, dia 31, em Loulé.
Trata-se da sessão de abertura do ciclo “Testemunhos Diretos” que, ao longo do ano, vai trazer a Loulé e Quarteira, militares com intervenção direta e operacional na Revolução de Abril. Uns conhecidos, outros que poucos conhecem, como este cabo Militão dos Santos.
A sessão está marcada para o Auditório da Biblioteca Sophia de Mello Breyner, em Loulé, a partir das 21h30, numa organização da Comissão Concelhia das Comemorações dos 40 Anos do 25 de Abril.
«Ele vai estar presente na Biblioteca Sophia e falar do que viveu e da sua opção. Portanto, história ao vivo», explica a Comissão.
Presente estará também o jornalista emérito Adelino Gomes e o fotojornalista Alfredo Cunha que registou os momentos dramáticos da saga do Terreiro do Paço.
Na ocasião, os dois grandes repórteres apresentam o álbum “Os Rapazes dos Tanques”, há poucos dias lançado em sessão pública no átrio do Torreão Poente do Terreiro do Paço. Livro ainda fresco com introdução e 32 entrevistas de Adelino Gomes e fotografias de Alfredo Cunha (Porto Editora).
O tema do álbum, como o título indica, circunscreve-se ao frente-a-frente no centro de Lisboa entre colunas da Arma de Cavalaria do Exército.
Os entrevistados são elementos do quadro militar e milicianos diretamente envolvidos no confronto: oficiais, sargentos, praças, instruendos e cadetes (com duas exceções: o “civil” Fernando Brito e Cunha e a Natércia Maia, representando, de algum modo, as mulheres dos conspiradores).
Contam a respetiva história no terreno e respondem a um pequeno inquérito, através do qual ficamos a saber o percurso pessoal de vida de cada um deles e a forma como olham para Portugal, hoje.
A novidade maior é que Adelino Gomes dá voz (pela primeira vez) a cabos e soldados que se encontravam nos blindados enviados para esmagar a revolução, entre os quais se encontra o mítico cabo apontador que não obedeceu à ordem do brigadeiro Junqueira dos Reis para fazer fogo sobre Salgueiro Maia.
Muito do que não consta no álbum vai ser dito em testemunho direto, na Biblioteca Sophia.