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Uma empresa que produz óleos essenciais a partir de plantas típicas algarvias, nascida na Universidade do Algarve, uma plantação de oliveiras “clonadas” de uma árvore centenária, uma lição sobre como utilizar fundos comunitários, pedidos de ajuda, mas também algumas críticas acolheram o reitor António Branco, em Alcoutim.

Este concelho do interior algarvio foi o escolhido para mais uma visita do périplo que o responsável máximo pela UAlg e membros da sua equipa estão a fazer e que os levará a todos os municípios do Algarve. Esta foi a sexta deslocação, depois de Loulé, Lagos, Castro Marim, São Brás de Alportel e Lagos.

Alcoutim é um concelho periférico, que sente muito os efeitos da interioridade. «A disponibilidade do senhor reitor em vir ao terreno e a empatia que se desenvolve com as pessoas julgo que vão dar frutos. Trará boas parcerias», acredita o presidente da Câmara de Alcoutim Osvaldo Gonçalves.

Parcerias que espera que contribuam, «pelo menos, para segurar os jovens que ainda cá estão», a grande preocupação de um autarca que vê a população do seu concelho a diminuir constantemente. «Nos últimos quatro anos, perdemos mais de 300 pessoas, essencialmente devido a óbitos», ilustrou.

Mas, pelo que foi possível ver nesta iniciativa, que o Sul Informação acompanhou, Alcoutim está longe de estar parado. Aqui também há projetos inovadores, assentes em valores naturais, e cada vez mais jovens interessados em começar a viver do que a terra dá.

«Na parte dos jovens agricultores, há uma procura enorme. O diretor regional de Agricultura do Algarve, no último balanço que fez, enalteceu os investimentos que estão a ser feitos aqui em Alcoutim, não apenas pela quantidade de interessados, mas também pelos montantes que se prevê investir. Isto constitui uma esperança», disse o autarca.

A interioridade, considerou Osvaldo Gonçalves, também se combate com visitas como a que Alcoutim recebeu na passada sexta-feira. «Trazer o reitor da UAlg aqui, para conhecer estas realidades, ver de perto as dificuldades que existem, fazê-lo tomar essa consciência, são medidas que contribuem para o desenvolvimento e para a procura de soluções», disse o edil alcoutenejo. Esta foi, de resto, a primeira vez que um reitor da Universidade do Algarve fez uma visita oficial a Alcoutim.

«Este é um excelente exemplo de como a universidade se pode fazer sentir. Mas não o único. Em todos os locais onde tenho estado tenho sentido a presença da UAlg nesta área. A partir da investigação são criadas empresas, que depois têm uma utilidade social evidente», considerou António Branco.

«Nós, universidade, temos de encontrar uma maneira de tornar isto visível. Porque já existe. Não vim cá fazer nada de novo. Viemos constatar a existência de projetos já em vigor», considerou.

Ou seja, o objetivo por detrás do périplo lançado por António Branco pode passar, em grande medida, por aqui. «Se encontrarmos maneira de tornar mais visíveis todos os projetos que estão a decorrer no Algarve [ligados à UAlg], provavelmente aquela sensação que ainda possa haver de que a universidade está de costas voltadas para a região, desaparece», disse.

 

Em Alcoutim, dão-se «lições» sobre utilização de Fundos Comunitários

Na visita a Alcoutim, António Branco começou por conhecer e ouvir o testemunho de alguns ex-alunos da instituição que se fixaram em Alcoutim. Depois, o também professor universitário teve a oportunidade de receber uma «lição que foi dada sobre o Proder» pelos técnicos da Terras do Baixo Guadiana, como ilustrou Osvaldo Gonçalves.

Esta associação é uma das três entidades gestoras deste programa de Fundos Comunitários, no Algarve. O seu trabalho tem sido apontado como exemplar, a nível nacional, e a taxa de execução dos fundos que geriram, no quadro comunitário 2007/13 «deverá atingir os 95 por cento» até final do ano, situando-se atualmente perto dos 60 por cento.

Números que impressionam e colocam esta entidade, cuja área de influência abrange freguesias dos concelhos de Alcoutim, Castro Marim, Tavira e Mértola, no topo a nível nacional. Neste caso, gastar dinheiro gera mais dinheiro e a Terras do Baixo Guadiana foi contemplada com a reserva de eficiência do Proder, destinada às entidades que melhor gerem o dinheiro do programa, em todo o país.

No campo associativo, a comitiva passou ainda na Associação de Proprietários Florestais das Cumeadas do Baixo Guadiana, em Pereiro, onde ouviu pedidos de auxílio, para fazer face a alguns problemas com que os produtores florestais se debatem.

 

Inovação espreita por detrás das estevas

As estevas são o denominador comum de dois projetos inovadores que o reitor e a sua comitiva ficaram a conhecer em Alcoutim. Num dos casos, porque é uma das plantas autóctones usadas para fazer óleos essenciais, que terão depois muitos usos, desde a indústria farmacêutica, à cosmética, passando pelo alimentar. No outro, porque era o que existia antes no terreno de família que o jovem agricultor Valter Luz recuperou, para instalar um olival, num projeto de meio milhão de euros.

A empresa «Dandlen & Vasques», que se instalou na Zona Industrial de Alcoutim, é um spin-off de investigação feita na Universidade do Algarve. A ideia de extrair óleos essenciais de plantas aromáticas e silvestres foi a vencedora da primeira edição do concurso «Ideias em Caixa», do CRIA, em 2004.

O projeto existe há muito, começou a ser implantado há sete anos e está agora a dar os primeiros frutos, com a marca «Pharmaplant» já introduzida no mercado.

Já na exploração agrícola «V. LuzAgro», em Martinlongo, o reitor encontrou um ex-professor de educação física que decidiu aproveitar terrenos de família da sua mulher e vai plantar um olival de 80 hectares.

Todas as oliveiras que serão ali plantadas são “clones” de uma outra oliveira, da variedade mançanilha, existente há mais de cem anos no terreno que vai ser utilizado. Paralelamente, Valter Luz pretende plantar figueira-da-índia, num terreno anexo.

 

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