O turista alemão de 26 anos que esta madrugada foi resgatado de uma arriba na praia dos Machados, litoral de Odemira, sofreu ferimentos graves, nomeadamente diversas fraturas nas pernas e braços, tendo sido transportado para o Hospital do Litoral Alentejano. Devido à gravidade do seu estado, o homem poderá ser transferido para S. José, em Lisboa.
A operação de resgate do homem, um caminhante que estava a fazer a Rota Vicentina, demorou várias horas, entre as 22h00 de ontem e as 4h00 da madrugada de hoje, uma vez que ele caiu numa arriba com 80 a 100 metros de altura, numa zona de difícil acesso.
O ferido acabou por ser retirado por operacionais dos Bombeiros Voluntários de Odemira, puxado por cabo individual, numa operação que envolveu perto de 25 elementos das várias entidades e também civis, revelou o Capitão do Porto de Sines.
O comandante José António Gouveia acrescentou que, no resgate da vítima, foram ainda usados «dois meios civis adaptados a estes terrenos», adiantando que a maca teve de ser transportada «em braços» durante parte do percurso, que era «um caminho muito estreito, quase um trilho».
Um helicóptero da Força Aérea chegou a sobrevoar o local, mas a missão foi abortada atendendo a vários fatores, incluindo a má visibilidade.
Marta Cabral, diretora executiva da Rota Vicentina, explicou ao Sul Informação que o jovem caminhante não caiu em nenhum dos trilhos daquela rota pedestre, mas antes porque saiu do percurso marcado, supostamente «para ajudar um pescador que ele pensou ter visto e que estaria em apuros».
Na sua página de Facebook, os responsáveis pela rota pedestre explicam que «ontem um caminhante que fazia a Rota Vicentina saiu do trilho perto da Praia dos Machados, para ajudar um pescador que achou que podia estar em perigo (felizmente, tudo indica que estava apenas no seu trabalho diário, pelo que terá sido falso alarme), sofreu uma queda e ficou ferido e imobilizado».
O homem deverá ter caído entre as 20h00 e as 21h00, ao por do sol, tendo partido o seu telemóvel na queda, impedindo-o de pedir socorro. Acabou por ser um pescador, que viu a mochila do caminhante alemão escondida nuns arbustos e depois ouviu os seus gritos a pedir ajuda, quem deu o alarme, pelas 21h42 da noite.
«No meio da sua pouca sorte, acabou por ter uma estrelinha a velar por ele, uma vez que, naquele local, podia ter ficado a noite toda sem que ninguém reparasse nele e não sei se teria resistido aos múltiplos ferimentos que sofreu», acrescentou Marta Cabral.
Para o local, foram mobilizados a Polícia Marítima, veículos e operacionais dos Bombeiros Voluntários de Odemira, uma viatura de Suporte Imediato de Vida (SIV) e a GNR, adiantou o CDOS de Beja.
Quanto ao pescador que o jovem caminhante diz ter visto desaparecer nas arribas, a informação não foi confirmada pela Polícia Marítima, que, no entanto, procedeu a buscas ontem à noite e durante o dia de hoje.
Os responsáveis da Rota Vicentina, apesar de o acidente não se ter dado propriamente nos seus trilhos, já visitaram o ferido no hospital e dizem que ele «está livre de perigo, mas a recuperação levará o seu tempo e paciência».
«Recordamos a importância de seguir os trilhos marcados e as nossas recomendações», concluem.