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No Algarve, já se produz perto de 500 mil litros de vinho, mas está-se a caminho «do milhão». Este é a expetativa do coordenador da Rota dos Vinhos do Algarve Aníbal Neto, que, à margem da apresentação do projeto, esta terça-feira, em Faro, revelou que, com os investidores que têm surgido e o esforço adicional dos produtores já existentes, se pode aumentar substancialmente os números da produção deste néctar, na região, em pouco tempo.

A Rota dos Vinhos do Algarve foi apresentada no Algarve, numa sessão que também serviu para revelar algumas das evoluções que já conheceu, desde o seu lançamento, em março passado, na Bolsa de Turismo de Lisboa.

Esta iniciativa tem associadas sete adegas, todas elas visitáveis, 10 restaurantes e outras tantas unidades de alojamento. São estas entidades que servem de base ao Passaporte Rota dos Vinhos 2014, um pequeno livro que dá a informação sobre os quatro roteiros existentes, todos eles no Barlavento, em português e inglês, as adegas, restaurantes e alojamentos aderentes e também informação sobre monumentos e museus das zonas abrangidas.

Ontem, ficou-se a saber que há mais quatro adegas na calha para entrar na Rota e dois produtores interessados, que permitirão criar dois novos roteiros, no Sotavento, nomeadamente em Loulé e Tavira.

Estes dois concelhos estão ligados ao previsível aumento da produção, principalmente Tavira, em cujo Parque Empresarial se irá instalar a Casa Santos Lima, «o maior produtor de “Vinho Regional Lisboa” e “DOC Alenquer” e um dos produtores portugueses mais premiados em concursos internacionais», segundo a própria empresa.

Um player que aposta na grande produção (no total, a empresa já explora mais de 20o hectares de vinha) e que «já começou a adquirir terrenos em Tavira, para plantar vinha e deverá começar a produzir a breve trecho», segundo Aníbal Neto.

Apesar de ainda ser cedo para estimar a produção deste novo produtor, o coordenador da Rota dos Vinhos acredita que vá andar próxima dos 200 mil litros, quando a média atual, entre os 31 vitivinicultores algarvios com referências no mercado, anda «nos 40 mil litros por ano». Os maiores produtores andarão «nos 100 mil litros anuais».

«Há também várias novas vinhas, que já foram plantadas pelos produtores existentes. Isso leva-nos a pensar que poderíamos atingir o milhão de litros anuais. Isso já seria excelente», considerou Aníbal Neto.

 

Hotelaria da região desafiada a apostar no vinho algarvio

Este previsível aumento vai ao encontro das ambições da Rota dos Vinhos, uma iniciativa conjunta da Região de Turismo do Algarve (RTA) e Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA). Mas também é necessário que a região, principalmente o setor do turismo, aposte mais nos produtos locais.

Na sessão que ontem decorreu na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, vários intervenientes chamaram a atenção para esta necessidade. E não foi por acaso, já que, apesar de esta não ser a apresentação original da Rota dos Vinhos do Algarve (já tinha sido lançada na BTL, em março), foi a primeira na região e contou com muitos empresários, profissionais, operadores turísticos, especialistas e produtores.

A mensagem de Aníbal Neto, durante a apresentação que fez da Rota, acaba por resumir aquilo que esta plataforma pretende. «Achamos que os restaurantes e unidades de alojamento devem promover o vinho algarvio, porque não se vão sentir envergonhados», afirmou. E, assim, ganham todos.

E já se pode falar de Enoturismo, no Algarve? Desidério Silva acredita que sim. «De há três ou quatro anos a esta parte, as coisas melhoraram substancialmente, a qualidade dos vinhos tem subido e as próprias adegas e produtores já criaram as condições para receber turistas, em termos de higiene e segurança, entre outras», disse o presidente a RTA, à margem da sessão.

«Penso que tudo isto caminha para a sustentabilidade e que daqui a três ou quatro anos a região terá um produto que será muito identificado, muito valorizado e que com uma qualidade muito boa», acrescentou.

Mas, até há pouco tempo, poucos falavam de Enoturismo, na região. «Não podemos usar uma palavra, quando não temos qualidade e oferta minimamente sustentável para isso», defendeu Desidério Silva.

Na perspetiva da RTA, este será, pelo menos para já, um produto complementar e que servirá para acrescentar valor à oferta global do Algarve, em termos turísticos. «Os hotéis já não vendem só o quarto. Vendem, cada vez mais, experiências diferenciadas, desde as caminhadas, ao BTT, passando pela Rota dos Vinhos e observação da natureza», disse.

«No entanto, não podemos comparar aquilo que não é comparável. O Algarve é o Algarve, o Alentejo é o Alentejo. O que nós temos é uma capacidade de ter algo diferenciado, mesmo tendo menos vinhos», considerou.

 

Efeitos da Rota dos Vinhos ainda não se sentem mas há boas expetativas

Poucos meses depois do lançamento da Rota e do Guia dos Vinhos do Algarve, ainda não há um retorno palpável, ao nível de desempenho, das entidades aderentes. Rúben Pinto, enólogo da Adega do Cantor desde 2008, confessa não ter notado «grande diferença», mas salienta que a iniciativa «ainda vai no início».

«Acho que vai demorar ainda algum tempo até estar divulgado e as pessoas conhecerem bem o guia e a Rota dos Vinhos. Mas penso que será um sucesso», considerou.

Parte desta convicção está ligada ao trabalho e esforço na melhoria da qualidade dos vinhos que tem sido feito, pelos produtores regionais. Algo que tem valido prémios nacionais e internacionais, não só à Adega do Cantor, que tem como sócio o músico inglês Cliff Richards, mas a muitas outras adegas do Algarve.

«Tem havido uma grande evolução ao nível da qualidade dos vinhos. No nosso caso particular, estamos a aumentar, não só, a qualidade, mas também a quantidade», revelou Rúben Pinto. Em 2013, a Adega do Cantor ganhou o ouro no concurso internacional «Berlin Wine Trophy», com o multipremiado vinho «Adega Nova Tinto 2010», mas o enólogo salientou que «há muitos outros produtores algarvios que também têm arrecadado prémios».

 

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