O empreendimento turístico do Vale do Freixo, previsto para a antiga Quinta do Freixo, na União de Freguesias de Querença, Tôr e Benafim, é a «nova ameaça ao barrocal algarvio», à semelhança do projeto da Quinta da Ombria, que será erguido na mesma zona, denunciou a Almargem.
A associação ambientalista algarvia lamenta que, «numa altura em que o famigerado projeto da Quinta da Ombria se prepara para arrancar, esteja já em preparação um outro projeto semelhante, na antiga Quinta do Freixo, ambos em plena Rede Natura 2000».
A forte polémica que tem envolvido e adiado o projeto da Quinta da Ombria, «não impediu o Município de Loulé e a Golferei – Empreendimentos Turísticos [empresa ligada ao resort Pine Cliffs] de assinarem em Novembro de 2012 um contrato com vista ao avanço do novo projeto, numa primeira fase através da elaboração de um Plano de Urbanização, o qual se encontra atualmente em vias de conclusão», enquadrou a Almargem
Este novo projeto «recebeu do anterior Governo as menções de “interesse nacional” e até de PIN», naquilo que, para a Almargem, foi «um descarado branqueamento político, justificado pelo alegado caráter de pólo económico, tecnológico e “verde” do empreendimento». Mas, no fundo, «apresenta uma semelhança completa com o da Quinta da Ombria», que foi muito criticado pelas associações ambientalistas.
O empreendimento do Vale do Freixo prevê a construção de «dois hotéis, oito aldeamentos turísticos (totalizando cerca de 1700 camas) e outros equipamentos complementares», bem como de um campo de golfe.
Além disso, alega a Almargem, irá afetar diretamente «o aquífero Querença-Silves, razão fundamental para as fortes reservas da UE relativamente ao projeto da Quinta da Ombria» e «vários habitats protegidos pela legislação comunitária e nacional».
Os ambientalistas algarvios lembram, ainda a vizinhança com a Paisagem Protegida Local da Rocha da Pena e a «enorme proximidade (apenas cerca de 100 metros) ao mais importante abrigo algarvio de morcegos cavernícolas, classificado de importância nacional».
A Almargem salienta que a Quinta da Ombria «começou já a receber do Município de Loulé os alvarás necessários para iniciar a construção de 370 moradias e um hotel (totalizando cerca de 1.700 camas), para além de um campo de golfe, numa das zonas mais emblemáticas do Barrocal Algarvio, paredes meias com a Paisagem Protegida Local da Fonte Benémola».
«Durante um número indeterminado de anos, dependendo do ritmo de construção dos vários lotes, o local estará transformado num autêntico estaleiro de obras, arruinando a magnífica paisagem e os valores naturais até aqui existentes», acusa.
Isto apesar dos esforços da Almargem e de outras associações ambientalistas, que denunciaram o caso à União Europeia. «Em 2011, na resposta final da Comissão Europeia ao recurso apresentado pela LPN da decisão de arquivamento da queixa apresentada em Bruxelas e relativa à Quinta da Ombria, é sublinhada a preocupação da UE relativamente à existência, já na altura, de uma pretensão para um outro empreendimento turístico semelhante no Barrocal, sublinhando o indesejável impacto cumulativo dos dois projetos sobre uma mesma área da Rede Natura 2000», recordou a Almargem.
«A Associação Almargem vai lutar com todos os meios ao seu alcance para que este novo atentado à identidade cultural e natural do Barrocal Algarvio não venha a ser perpetrado, apelando desde já ao Município de Loulé para que reveja as decisões tomadas pelo anterior executivo camarário relativamente ao projeto do Vale do Freixo, o qual, a avançar, colocaria Loulé, mais uma vez, na mira das instituições internacionais e pelos piores motivos», concluiu a associação.