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Jovens alunos de uma escola de Silves vão reabrir, a 18 de maio, por um dia, o Museu da Cortiça da Fábrica do Inglês, numa ação de sensibilização para o estado do seu património histórico-cultural.

A iniciativa pertence aos alunos do 6ºF (Estudo do Meio) do Agrupamento Dr. Garcia Domingues, de Silves, que têm como professor Manuel Castelo Ramos, ainda diretor em título do Museu da Cortiça que fechou há três anos, devido aos problemas da Fábrica do Inglês. O terceiro aniversário do encerramento deste Museu assinala-se, ironicamente, a 18 de maio, Dia Internacional dos Museus.

«Para isso, preparámos uma ação de rua, que passa por percorrer a cidade em direção ao Museu, ostentando cartazes com frases alusivas ao problema, e pela oferta de postais à população com imagens do património corticeiro, e que se prolongará pela visita ao Museu e a sua limpeza simbólica (interna e externa)», explica Manuel Castelo Ramos.

No período em que os alunos, entre os 12 e os 15 anos, e a população interessada lá estiverem, entre as 9h30 e as 12h30 de sexta-feira próxima, o museu estará aberto às visitas gratuitas de quem o quiser visitar e apoiar a ação destes jovens.

Os participantes irão ainda apanhar as laranjas das árvores no interior da Fábrica do Inglês, para as entregar aos cuidados do pároco de Silves, o Padre Carlos Aquino, e das instituições de solidariedade que ele escolher.

Será, segundo aquele professor e ex-diretor do Museu da Cortiça, «uma forma diferente de assinalarmos com estes alunos o Dia Internacional dos Museus que, provavelmente, contará com mais algumas boas surpresas».

Manuel Ramos acrescenta que os objetivos desta ação simbólica passam pela «sensibilização da comunidade local, mas não só, para a importância de manifestarem a sua vontade na defesa e reabertura daquele espaço cultural, tão importante na nossa memória coletiva, exercendo o seu direito à manifestação e indignação».

O professor revela que «muito proximamente (maio/junho) será decretada a insolvência da Fábrica do Inglês e o património histórico estará, cada vez mais, em risco. Parte do edifício já está sob penhora das Finanças. Máquinas corticeiras únicas no mundo, e um arquivo documental que remonta ao séc. XIX podem, a qualquer momento, ser também objeto de penhora».

«Parece inacreditável, mas é a mais cruel das realidades», lamenta.

«Todos somos poucos para que esta questão não caia em esquecimento ou se vulgarize. Eu, os meus alunos e outros não nos resignamos porque este é, com certeza, património de um país que se diz corticeiro, património de interesse público, um valor histórico ímpar a preservar!».

Manuel Castelo Ramos admite que esta ação é apenas «simbólica», mas «considerado o entusiasmo e a vontade que manifestam estes jovens, muito significativa, vinda desta juventude que é o nosso futuro».

O Museu da Cortiça é considerado a principal mostra sobre a indústria da cortiça existente em Portugal, e chegou mesmo a ganhar o Prémio Micheletti de melhor Museu Industrial da Europa em 2001, ano em que recebeu mais de 100 mil visitantes.

O Museu da Cortiça, além de máquinas e de outros equipamentos da antiga fábrica e que permanecem no mesmo local, reúne um importante espólio documental que remonta ao século XIX, altura em que a indústria corticeira era próspera em Silves.

Para saber mais sobre o Museu da Cortiça torne-se amigo da sua página no Facebook.

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