O grupo Apolónia prepara-se para investir 49 milhões de euros num conjunto comercial em Almancil, a construir bem perto do local onde foi aberto o primeiro supermercado do grupo algarvio.
Além de uma loja de venda a retalho, o projeto «Alma Plaza Lifestyle Center», cujo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) está, atualmente, em consulta pública, prevê a instalação de um cinema e de uma clínica, entre outras valências, que se espera que, entre si, criem até 505 postos de trabalho diretos e 210 indiretos, o ano inteiro.
Os interessados em dar o seu contributo ou em conhecer melhor o projeto e os previsíveis impactos ambientais, poderão fazê-lo até dia 2 de julho. O documento pode ser consultado presencialmente na Agência Portuguesa do Ambiente, na Amadora, na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, em Faro, e na Câmara de Loulé. Também pode ser consultado online, no site da CCDRA.
O investimento que o grupo algarvio pretende fazer ascende aos 49 milhões de euros, 35 dos quais virão do estrangeiro. E será realizado “em casa”, já que a nova unidade comercial se situa a apenas 500 metros do local onde Avelino e Célia Apolónia iniciaram este negócio de família, há cerca de 30 anos. Nem sequer mudará de rua, neste caso, a Avenida 5 de Outubro, que liga a EN 125 ao centro de Almancil.
O que irá mudar é a dimensão do empreendimento comercial. O novo espaço irá ocupar uma área total de 5,5 hectares, 2,2 dos quais edificados (altura máxima 12 metros, média 7 metros de altura), estando prevista a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, em dois pisos, com capacidade para 1.598 lugares.
«O projeto compreende o desenvolvimento de um empreendimento do tipo “conjunto comercial integrado”, englobando diversas áreas funcionais distintas, mas complementares. No seu conjunto, o projeto será composto por um supermercado Apolónia, áreas de lazer e entretenimento (cinemas), serviços de saúde (clínica), lojas de produtos diversos e um conjunto de restaurantes e cafetarias», lê-se no Resumo Não Técnico do EIA, agora em consulta pública.
A obra deverá ser concluída 17 meses após o seu início e dará, na fase de construção, emprego a 100 trabalhadores, para além de criar 250 postos de trabalho indiretos.
Argumentos que, para os autores do EIA, justificam a sua aprovação. O local onde o projeto será implantado não está «inserido em nenhuma área classificada de conservação da natureza, área protegida ou Rede Natura 2000» e tem uma propensão para agricultura «pouco elevada».
Situa-se, de resto, numa «zona de urbanização programada pelo Plano Diretor Municipal de Loulé, pelo que se perspetiva, a médio prazo, a transformação desta zona e a perda das suas características naturais atuais.
Ainda assim, não está totalmente desprovida de valores naturais. No terreno, há 176 sobreiros, espécie protegida e cujo abate depende de uma autorização especial. Os proponentes do projeto, no estudo prévio sobre o qual incidiu este EIA, propõem que «sejam abatidos 93 e mantidos 83 exemplares».
«Assim, parte dos sobreiros será preservada, ficando enquadrados na área de espaços verdes. (…) É de salientar que o desenho do projeto foi concebido de modo a salvaguardar o maior número de exemplares de sobreiros possível», dizem os autores do EIA.
«Para minimizar os impactes associados ao abate de sobreiros no terreno, o proponente apresentou um projeto de compensação florestal e respetivo plano de gestão, que abrange a constituição de novas áreas de sobreiro e azinheira em terrenos privados, localizados em Alcoutim, com uma área total de 13,2 hectares», lê-se, ainda, no documento.
Este é o principal impacto negativo que o EIA aponta, em relação ao local, já que considera «que os serviços associados a este ecossistema, de suporte da biodiversidade, regularização, produção e cultural, encontram-se atualmente diminuídos». Também o aumento de tráfego automóvel previsível poderá trazer impactos, mas não se prevê «que sejam ultrapassados os limites de capacidade das vias de acesso».
Entretanto, o projeto já recebeu um parecer favorável ao pedido de instalação do projeto que endereçou ao Ministério da Economia e da Inovação, através da Direção Regional de Economia do Algarve, bem como da Direção-Geral das Atividades Económicas e da Câmara Municipal de Loulé, que aprovou a sua localização.
«A análise urbanística da pretensão, e respetiva verificação de conformidade pela Câmara Municipal de Loulé, permitiu concluir que o projeto apresenta conformidade de usos e que os parâmetros urbanísticos propostos se enquadram dentro dos máximos admitidos», lê-se no EIA.
E, não havendo uma proposta de localização alternativa, a outra hipótese em cima da mesa é a chamada «alternativa zero», ou seja, a não construção do projeto, algo que, na visão dos autores do EIA, não se recomenda, uma vez que «é provável que os impactes previstos para a generalidade dos fatores decorrentes da implementação do conjunto comercial ocorram de qualquer forma, mesmo sem a sua construção», devido à envolvência urbana do local.