Os primeiros dez meses de 2015 foram «indiscutivelmente positivos» no que a fogos florestais em território algarvio diz respeito. A área ardida entre 1 de Janeiro e 31 de Outubro de 2015 foi de 474 hectares, um número quase 15 vezes abaixo da média dos anos entre 2004 e 2013, que é de 7102 hectares/ano.
O anúncio foi feito esta quarta-feira, em Faro, no balanço feito ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF) pelas diferentes entidades nele envolvidas, onde também foi revelado, pela primeira vez, o valor estimado do custo das operações de combate aos três incêndios mais relevantes, que foi de 550 mil euros, no seu conjunto.
Os números de 2015 são atípicos, não só na profunda diferença em relação à média, na qual pesam os anos de 2004 e 2012, mas já não contempla «o ano terrível de 2003», mas também porque três incêndios foram responsáveis por cerca de 75 por cento da área que ardeu e apenas um aconteceu durante a fase Charlie, considerado a de risco mais elevado e em que o dispositivo é mais numeroso.
Este ano, houve um incêndio de dimensões consideráveis logo a 17 de Fevereiro, em Portimão, na chamada fase Alfa, que queimou 88,4 hectares, e outro no dia 1 de Outubro (fase Delta), na freguesia monchiquense de Marmelete, onde arderam mais de 203 hectares, em apenas 13 horas, e que acabou por ser o fogo mais destruidor do ano. Em Agosto, já tinha ocorrido um incêndio que destruiu 60,1 hectares, em Silves.
Nenhuma destas ocorrências demorou mais de 24 horas a ser resolvida. Aliás, a resposta célere foi conseguida na esmagadora maioria dos casos, já que das 385 ocorrências registadas, só oito não foram resolvidas pelo ataque inicial, obrigando à mobilização de mais meios.
Resultados que o comandante do Comando Distrital de Operações de Socorro de Faro Vítor Vaz Pinto considera «extraordinários», para mais num ano com «uma elevada severidade meteorológica», no Algarve, já que «choveu pouco e fez muito calor». O mérito, disse este responsável à margem da sessão, é de «todos os operacionais envolvidos que integram o DECIF e todas as entidades responsáveis na defesa da floresta contra incêndios, já que sem o trabalho deles, estes resultados não teriam sido possíveis».
«Mas estes números não são sustentáveis, por isso não nos iludamos. O Algarve é propenso a incêndios que progridem de forma fulminante, uma situação que não acontece em mais nenhuma região do país. Basta um grande incêndio para colocar em causa as estatísticas e o trabalho de anos», adiantou.
Quantos aos custos associados ao combate aos incêndios, uma novidade introduzida no balanço que foi feito este ano pelo CDOS, pela GNR e pelo ICNF, responsáveis pelos três pilares em que assenta o DECIF, a estimativa é feita «por baixo», mas nem por isso é menos impressionante.
Segundo o comandante Vaz Pinto, só o incêndio de Monchique, que envolveu 435 operacionais, 136 meios técnicos e 5 meios aéreos, o custo estimado foi de 452,7 mil euros. «Contabilizámos, apenas, os meios envolvidos no combate, logo, é uma estimativa por baixo», assegurou.
«Decidimos divulgar esses dados, de forma pedagógica. Queremos que as pessoas tenham uma noção dos custos que envolve uma operação de resposta, que está sempre no fim da linha. Tudo o que possamos fazer para evitar os incêndios é para onde deve ser orientado o nosso maior esforço. Mas, claro que temos de responder, de forma a salvaguardar a vida, desde logo, o património e o ambiente»