Um grupo de enfermeiras está a desenvolver um projeto de intervenção na área da saúde no Bairro da Armona, em Olhão, para introduzir hábitos mais saudáveis nas famílias residentes.
O Atelier Família, apresentado na quarta-feira na Biblioteca Municipal da cidade, permitirá a realização de sessões de educação para a saúde e a criação de uma horta comunitária e de um clube de atletismo, entre outras iniciativas.
O Atelier Família foi apresentado pelas quatro enfermeiras que têm desenvolvido, no âmbito do 3º curso de Pós-Licenciatura em Enfermagem Comunitária do Instituto Politécnico de Beja, o Projeto de Intervenção Comunitária no Bairro Municipal da Rua da Armona.
Ana Lam, Fátima Peneiras, Paula Martins e Sandra Guerreiro, todas técnicas de saúde em Olhão, apesar de trabalharem em diferentes serviços, uniram-se neste projeto no âmbito da sua especialização em enfermagem comunitária e aplicaram no terreno as bases de um projeto académico, o que foi elogiado pelos presentes nesta exposição do trabalho já desenvolvido e dos objetivos futuros.
O projeto surgiu no seguimento do diagnóstico de saúde realizado à população infanto-juvenil em julho de 2012, tendo sido identificados problemas ao nível da saúde oral, alimentação, consumo de substâncias e prática de atividade física.
Através do Atelier Família, prevê-se que sejam desenvolvidas atividades durante os próximos dois anos, que incluem sessões de promoção da saúde e a criação de um gabinete de saúde, de um atelier intergeracional e de um clube de atletismo, para além de se promoverem ações de grafiters no bairro e a aposta numa horta comunitária.
No bairro municipal Rua da Armona habitam cerca de 300 pessoas e o projeto de intervenção comunitária destas enfermeiras incidiu sobre 130 crianças e jovens.
Após a realização dos questionários para fazer o diagnóstico dos problemas de saúde que mais atingiam as crianças e jovens do bairro, até aos 18 anos, as enfermeiras concluíram que havia muitos casos de má saúde oral e alimentação e de sedentarismo.
“Detetámos um consumo elevado de alimentos açucarados e baixo consumo de frutas e legumes. Percebemos também que as crianças e jovens apenas fazem desporto na escola e que têm hábitos sedentários, passando muito tempo a ver televisão e no computador”, sublinharam as enfermeiras.
As sessões de educação para a saúde, que já começaram em dezembro e contam com o apoio da Associação Verdades Escondidas, sedeada neste bairro, tanto em termos de instalações como de logística, abrangem grupos de oito famílias, que vão sendo substituídos por outros a cada três semanas, sendo o objetivo estender o projeto a todos os residentes.
Como no bairro vivem muitas pessoas em idade ativa que estão desempregadas, foi decidido incluir nas atividades um atelier intergeracional, onde será possível aprender trabalhos manuais, por exemplo. O objetivo desta intervenção abrange, assim, várias faixas etárias e não só a juventude, como inicialmente previsto.
A iniciativa tem a duração de dois anos e as enfermeiras que o desenvolveram – com idades entre os 35 e os 48 anos -, querem estendê-lo também a outros bairros do concelho. As enfermeiras estão a trabalhar em articulação com a UCC Olhar+, com a Associação Verdades Escondidas e com a Câmara de Olhão.