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O caminho foi longo e difícil, mas à chegada fica a satisfação de se ter lutado por uma causa e, desejavelmente, de se ter mudado mentalidades. Os atletas de ciclismo adaptado André Venda e Telmo Pinhão partiram dia 13 de outubro de Montemor-o-Velho, na zona Centro, e atravessaram mais de meio país para chegar a Faro, no domingo, dia 16.

Os atletas portugueses foram esta segunda-feira recebidos na Câmara de Faro, no seguimento desta viagem de quase 500 quilómetros.

Um périplo em bicicleta adaptada que serviu, por um lado, para chamar a atenção para a modalidade e, por outro, para não desperdiçar meses de treino para o Campeonato do Mundo, ao qual os dois atletas não conseguiram ir por a Federação Portuguesa de Ciclismo não ter verba suficiente para os apoiar.

«Nós éramos para ter participado no Mundial, na Dinamarca, mas como isso não se realizou, por não termos equipa técnica e por termos treinado arduamente para o campeonato, decidimos criar este evento», explicou André Venda.

Além disso, considerou o atleta, «há coisas que precisam de ser mais faladas, mais divulgadas». «Queremos divulgar o desporto adaptado, que ainda não é muito conhecido, para tentar arranjar mais apoio e tentar mudar a mentalidade das pessoas, que ainda é um pouco negativa», disse.

«As pessoas ainda nos acham uns coitadinhos, que não conseguimos fazer nada. Mas aqui está a prova em contrário, que nós conseguimos andar de bicicleta e não temos diferença nenhuma em relação aos outros», ilustrou André Venda.

Um dos objetivos assumidos por Telmo Pinhão e André Venda é convencer cada vez mais pessoas com mobilidade reduzida a aderir ao desporto adaptado, de modo a que se aumente a massa crítica de praticantes.

«O desporto adaptado e não apenas o ciclismo, ainda está muito esquecido. Se fosse mais explorado, descobrir-se-iam os grandes atletas que há ai», acredita.

Os dois atletas demoraram quatro dias para percorrer 475 quilómetros e pelo caminho apanharam não só alguns obstáculos geográficos, mas também um calor muito invulgar para esta altura do ano.

«Foi uma jornada um pouco dura, houve uma parte ou outra mais complicada, mas correu bem», contou André Venda. «Já estamos habituados a este andamento. Treinamos todos os dias, cerca de três horas», acrescentou.

Esta iniciativa foi apadrinhada pelo ex-ciclista profissional Cândido Barbosa.

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