O auditório do Centro Cultural de Lagos passa a chamar-se Auditório Duval Pestana, tendo-se descerrado uma placa evocativa desta homenagem prestada a este professor e homem de teatro, falecido em Julho de 2013, pelos muitos amigos, ex-alunos e pelo Município, que desde a primeira hora se associou a esta iniciativa.
Nesta cerimónia, que decorreu no sábado, 9 de agosto, e onde se recordou a vida e obra de Duval Pestana – professor de teatro, encenador e grande impulsionador das artes de palco no concelho de Lagos – foi descerrada a placa «Auditório Duval Pestana», suporte que integra um texto de um dos seus amigos de longa data, o professor e escritor José Miranda Justo.
A placa foi descerrada pela vereadora da Cultura Maria Fernanda Afonso e pelos amigos e ex-alunos Neusa Dias e Micael Espinha, numa cerimónia que contou com a presença de mais de uma centena de pessoas.
Emocionada, Maria Fernanda Afonso deixou algumas palavras neste momento em que recordou o seu colega, “e principalmente amigo”, Duval Pestana (cuja mensagem se transcreve abaixo).
Também o realizador e ex-aluno do TeatrOficina, Micael Espinha lembrou o “percurso” desta iniciativa, apresentada ao executivo municipal no final do ano passado, e que desde a primeira hora contou com o apoio da Câmara de Lagos.
Recordando que “a experiência do Teatro mudou radicalmente a vida de muitos jovens, oferecendo-lhes ferramentas que se revelaram essenciais para o mergulho, por vezes tão difícil, na vida adulta”, o realizador e ex-aluno de Duval terminou convicto de que “o Mestre Duval Pestana descansa, mas deixou-nos um legado que nos convida a continuar essa batalha interminável contra a dormência cultural e afetiva que nos assalta nos dias de hoje”.
O programa da iniciativa integrou igualmente leituras dramáticas, apresentadas no palco do Auditório Duval Pestana, que recordaram excertos de textos dramáticos levados à cena pelo homenageado com destaque para os autores da sua maior preferência.
Na cafetaria do Centro Cultural de Lagos, espaço onde tantas vezes se encontrava Duval Pestana, houve a possibilidade de (re)ver imagens do homenageado e retratadas por Francisco Castelo e Pedro Noel da Luz, fotógrafos que acompanharam em diferentes momentos o professor e os seus trabalhos em teatro. Aqui, foi também feito um brinde a Duval Pestana e à sua vida.
♦ Mensagem da vereadora Maria Fernanda Afonso
«Conheci o Duval em outubro de 1979.
Não no palco, nem nos bastidores de um teatro. Mas no palco da Escola.
De uma Escola que vivia o auge da universalidade do ensino, da gestão democrática. Seriamos o par que, durante quatro anos, faria os horários dos professores.
Trabalho árduo de agosto a setembro, que ultrapassava as fronteiras da Escola e acolhia-se, noite sobre noite, madrugada sobre madrugada, na Casa da Palmeira. E ele gritava, fazia, mandava fazer, desfazia e mandava desfazer… até à perfeição possível.
E, se embora esta convivência profissional fosse propícia ao afastamento, o facto é que ela criou entre nós uma cumplicidade que só tem um nome – Amizade.
Claro que o Duval tinha pontos fracos. Cometeu erros. Mas o Duval tinha chama. Uma chama alimentada pela Beleza e pela Sedução. Uma chama que pôs ao serviço do Teatro e dos jovens que integraram durante anos o seu projeto Teatro Oficina. Porque o teatro era uma das chaves da sua vida. A outra chave era, com certeza, a Isa, sua mulher.
O Duval deixou marca e marcas, em todos nós que o conhecemos. Ao darmos o seu nome ao Auditório do Centro Cultural de Lagos fica, para sempre, a chama que pôs no teatro, o seu idealismo e a sua integridade».