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SUB_Loulé_1Entre as 8h00 e as 9h15 desta manhã, o Serviço de Urgências Básicas (SUB) do Centro de Saúde de Loulé esteve outra vez impedido de abrir por falta de médicos e a partir daquela hora começou a funcionar com apenas um médico. O alerta foi dado pelos presidentes de Câmara de Loulé e de São Brás, Vítor Aleixo e Vítor Guerreiro, que hoje transferiram de forma simbólica os seus gabinetes para a porta do SUB louletano.

A partir das 9h15, entrou ao serviço um único médico, o que, mesmo assim, como sublinhou Vítor Aleixo em declarações ao Sul Informação, «viola a lei de funcionamento dos Serviços de Urgência Básica, que obriga à permanência mínima de dois médicos».

Para mais, porque o médico que assegurou os serviços a partir das 9h15 estava a trabalhar na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Loulé, onde tinha 20 consultas marcadas durante a manhã, que tiveram que ser canceladas e remarcadas para o final de agosto.

SUB_Loulé_2«Ontem só havia um médico e não esteve o tempo todo presente, hoje o SUB abriu sem nenhum e depois usaram o mesmo estratagema de ontem, deslocaram para aqui um médico, mas retiraram-no das consultas aqui ao lado e certamente houve pessoas que ficaram sem consulta. Ontem 20 pessoas ficaram sem consulta e remarcaram para o final de agosto», explicou o autarca de Loulé.

«Para haver médico no SUB, alguém ficou sem médico no outro lado. Isto não é sério, não é solução, é só porque nós estamos aqui», frisou Vítor Aleixo.

Quanto ao facto de esta quarta-feira os dois autarcas vizinhos terem decidido mudar os seus gabinetes para a porta do SUB, o edil de Loulé comentou:«hoje decidimos subir a parada. Os presidentes, como eleitos locais, têm os seus canais institucionais e administrativos. Mas hoje, atendendo a que a situação se degrada cada vez mais, que as pessoas sentem cada vez mais os direitos a serem-lhes retirados, também decidimos subir um degrau na forma de protesto e de indignação cívica, que é o que estamos a fazer».

Sobre a mesa, com os tablets lado a lado, Aleixo tinha apontamentos e Guerreiro um maço de ordens de pagamento para assinar. Mas pelo meio iam falando com jornalistas e com utentes.

 

Guerreiro: Não quero sequer acreditar que exista a possibilidade de fechar este Serviço de Urgência, quando nós temos é de lutar para contrariar a desertificação do interior

 

Entre os utentes do SUB, estava um grupo de perto de uma dezena de idosos de São Brás de Alportel, localidade que se situa a 6,5 quilómetros e que, para Urgência, também tem que se deslocar a Loulé. «Viemos aqui em protesto contra a falta de médicos no SUB de Loulé», disse uma senhora ao Sul Informação.

«Isto está no caos, principalmente para as pessoas idosas: vamos à farmácia, os medicamentos ontem tinham comparticipação, hoje já não têm, as nossas reformas são cada vez mais pequenas, e, se tivermos de andar de táxi de São Brás para Faro não sei como será. Isto é matar as pessoas idosas», garantiu outra utente.

SUB_Loulé_3Face a esta situação, os autarcas Vítor Aleixo e Vítor Guerreiro pediram esclarecimentos ao presidente da ARS, que, mais tarde, vieram a ser prestados mas que, de modo algum, deixaram tranquilos aqueles dois autarcas que continuam a temer pelo encerramento daquele serviço.

«Não quero sequer acreditar que exista a possibilidade de fechar este Serviço de Urgência, quando nós temos é de lutar para contrariar a desertificação do interior», reclamou Guerreiro.

«As pessoas têm todas as razões para temer o pior, que é o encerramento deste Serviço de Urgência Básica e concentrar tudo no Hospital de Faro», acrescentou Aleixo.

Os presidentes das duas autarquias revelaram também que, «ainda não há muito tempo, integravam o antigo Centro de Saúde de Loulé entre 8 a 10 médicos afetos ao Serviço Nacional de Saúde e que, neste momento, daqueles, apenas dois se mantêm em serviço».

«Não podemos baixar a pressão, temos que estar vigilantes, nós, autarcas, e as populações, para evitar a degradação do Serviço de Urgência e até o seu fecho», disse o presidente da Câmara de São Brás.

 

Aleixo: Peço apenas que o Ministério da Saúde copie o seu colega da Administração Interna e reforce, nesta altura do ano, o número de médicos presentes nos centros de saúde

 

O autarca louletano salientou que o seu é um «concelho iminentemente turístico», por isso a falta de médicos no SUB pode ter consequências graves «na base da nossa economia». E recordou três casos a que assistiu esta manhã: «Hoje de manhã, já contei três episódios de estrangeiros que vieram aqui porque precisavam dos cuidados de saúde e voltaram para trás, muito aflitos, e até perguntaram: “e agora onde é que eu vou, arranjem-me pelo menos uma enfermeira”».

Vítor Aleixo fez ainda questão de assinalar uma «grave incongruência»: «Enquanto o Ministério da Administração Interna, através do ministro Miguel Macedo, reforça o dispositivo de segurança nesta altura do ano, o Ministério da Saúde faz exatamente o inverso: desinveste e os profissionais de saúde são menos. Eu não pedia mais: pedia apenas que o Ministério da Saúde copiasse o seu colega da Administração Interna e que reforçasse, nesta altura do ano, o número de médicos presentes nos centros de saúde, para que os serviços pudessem ser prestados não só aos turistas, mas também aos residentes».

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