O recém-empossado presidente da Câmara de Faro Rogério Bacalhau afirma estar determinado em legalizar os núcleos habitacionais da Ilha da Culatra e, no processo, o heliporto que há semanas foi construído pela população, sem licenças. O autarca não admite que apoia a medida, mas não esconde que esteve nesse dia na ilha-barreira para mostrar a sua «solidariedade» com a população local.
«Fui lá naquele dia, não tenho qualquer problema em dizê-lo, num ato de solidariedade para com os culatrenses. Não estou com isto a defender uma obra ilegal, mas há um espírito de solidariedade que todos devemos ter para com aquela população, para minimizar a insegurança com que vivem», resumiu, à margem da sua Tomada de Posse, na passada semana.
A população da ilha justificou, na altura, que avançaram para a construção da infra-estrutura, sem esperar pelo desenrolar dos trâmites legais, por uma questão de segurança. O heliporto, garantiram, só será usado «em situações de emergência», nomeadamente médica. Justificação que não convenceu a LPN/Algarve, que veio a público apelidar a medida de «atentado» contra o ambiente e colocou em causa a passividade das autoridades.
«As pessoa das ilhas sentem uma insegurança muito grande. Nós que vivemos deste lado e temos um hospital relativamente perto, nem pensamos nisso. Na ilha, cada vez que há algum problema, chegar lá de barco é complicado», defendeu, por seu lado, Rogério Bacalhau.
Esta é questão central, acredita o novo edil de Faro, e «o sentido» para esta atitude e para «a revolta» dos culatrenses. «Esta população vive ali há muitas décadas. A maior parte dela nasceu ali. Isso levanta outra questão: o que podemos fazer para resolver o problema?», acrescentou.
Na visão de Rogério Bacalhau, a legalização das comunidades da Ilha da Culatra é o caminho a seguir. «Ir abaixo não é solução, de certeza absoluta. Temos de dar dignidade aquelas pessoas, garantir-lhes o que garantimos deste lado, que é o acesso a uma habitação com água, luz e esgotos. Aquelas populações têm direito a ter as mesmas condições», disse.
Para isso «todos teremos de ter bom senso para legalizar toda a situação». «A questão do heliporto é apenas mais uma que está ilegal. As pessoas que lá moram, vivem em casas ilegais. Temos de olhar para este assunto com toda a atenção e resolver este problema», afirmou.
Uma medida que se quer célere, pois Rogério Bacalhau considera que «não podemos estar a discutir o mesmo assunto daqui a dez anos». «Vamos ter que legalizar a situação, dar segurança às pessoas, dar-lhes propriedade e deixá-las viver condignamente», disse.
Quanto a um eventual apoio de especialistas da Câmara aos culatrenses, sobre a maneira correta de fazer um heliporto, o autarca garantiu não ter conhecimento disso, mas não negou que possa ter acontecido, limitando -se a afirmar que não se tratava de um dos pelouros a seu cargo, no anterior executivo, em que era vice-presidente.