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São vinte anos que marcaram a cena cultural algarvia, mas também de animação e peripécias, daquelas que só acontecem num espaço de diversão noturna.

O bar «Bafo de Baco», em Loulé, completou em outubro passado duas décadas de existência, período em que se dedicou a mostrar novos talentos locais e nacionais, mas também bandas de todo o mundo. Uma história rica, que vai mesmo dar um livro.

Tecnicamente, a publicação sobre um dos mais conhecidos e prestigiados bares-concerto do país já existe, mas num formato académico e apenas com um exemplar.

Luís Trincheiras, mais conhecido no mundo musical como «Trinchas», apostou neste tema para um trabalho do Curso de Design da Universidade do Algarve e, em colaboração com o proprietário do bar, Horácio «Major» Costa, e o eterno DJ do Bafo de Baco «Bob», materializou uma ideia que irá agora mais longe.

«Major» e «Trinchas» são os convidados desta semana do programa radiofónico «Impressões», que irá para o ar hoje, quarta-feira, às 19 horas. Na entrevista dinamizada pelo Sul Informação e pela RUA FM (102.7 FM), os dois convidados recordam os pontos altos e as dificuldades vividas nos últimos vinte anos e contam como um bar afastado dos grandes centros de animação noturna algarvios se tornou uma referência nacional e até internacional.

Este estatuto do «Bafo de Baco» é facilmente verificável pelos artistas que consegue trazer, semana após semana e pelos locais de onde estes vêm para lá tocar.

Hoje, dia 29 de maio, por exemplo, atuarão neste bar louletano, a partir das 21h30 a one man band francesa «Birds are Alive» (garage blues) e os australianos «Burn in Hell»  um trio punk/cabaret com uma sonoridade que remete para Tom Waits.

Dois visitantes de fora de portas, um dos quais praticamente dos antípodas, cuja vinda foi oferecida ao bar pelos agentes que os representam. «Há muito tempo que não temos de ser nós a procurar as bandas. São elas que nos contactam e nós escolhemos», disse «Major».

Um privilégio ao alcance de poucas casas, mas que custou a atingir. Desde o ano de 1992, em que foi inaugurado, foi preciso percorrer uma estrada difícil e afirmar uma personalidade única, que leva a que pessoas se desloquem de diversas cidades algarvias para ir ao bar. «Se fosse só pelas pessoas de Loulé, há muito que tinha fechado portas», revelou o fundador e proprietário do Bar.

Hoje, o Bafo de Baco é muito diferente do pequeno bar que «Major» inaugurou, com a ajuda e incentivo dos pais. «Decidi abrir o bar quando a minha mãe me disse que, se queria fazer festas com os meus amigos, mais valia abrir um bar», explicou «Major».

A ideia do empresário era começar o negócio em Faro e teve a possibilidade de alugar o espaço que hoje é ocupado pelo BA-Bar da Associação Académica. Uma intenção frustrada pelo pai, que só investia no negócio «se fosse em Loulé e num espaço que era nosso».

O crescimento do bar fez-se com a aposta em bandas algarvias, «principalmente de Faro e Portimão», numa primeira fase e com bandas vindas de todo o país e de todo o mundo, mais tarde. Uma das primeiras formações que ali tocou foi a banda «Nostradamus», um dos primeiros projetos de «Trinchas», que passou por muitas outras bandas, com destaque para os «Imune» e agora é um dos dois elementos de «Fenoid».

O músico depressa se tornou um frequentador assíduo do «Bafo de Baco», passou lá momentos memoráveis como músico e como cliente e até deixou lá um pouco de si, mais precisamente parte de um dente. «Foi no microfone», revelou, a rir. Podia ter sido de outra forma, já que «Major» recordou que «Trinchas» também decidiu um dia saltar da altura de um andar, numa das memórias do bar que partilharam no ar.

Histórias que não vai querer perder hoje, às 19 horas, na RUA FM e mais tarde aqui no Sul Informação. Aproveite e conheça também os projetos e perspetivas do «Bafo de Baco», nomeadamente o livro que irá ser lançado com alguns dos pontos altos dos primeiros 20 anos de existência desta casa.

sulinformacao

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