Ontem, a Baixa de Faro foi do Brasil. Durante o próximo mês, será do Mundial que decorre naquele país. O Campeonato do Mundo de Futebol teve o seu pontapé de saída esta quinta-feira, neste país lusófono, mas a festa também se fez deste lado do oceano. Em Faro, foram muitos os brasileiros, mas também os portugueses e alguns croatas, que aproveitaram a «Funzone» instalada no Jardim Manuel Bívar para ver a partida Inaugural do Brasil 2014, contra a Croácia.
Entre eles, esteve o cônsul do Brasil em Faro Manoel Inocêncio, que se juntou aos seus conterrâneos. Afinal, naquele país da América do Sul, Saudade também faz parte do dicionário e nada melhor do que encontrar compatriotas para a atenuar.
No recinto instalado junto à Doca de Faro, onde além de um ecrã gigante, de bancadas e de um “relvado”, estão instaladas diversas bancas de comes e bebes e mesas, para estar, o dia foi dedicado ao Brasil. O consulado brasileiro juntou-se à Câmara de Faro para proporcionar um programa de animação, paralelo ao jogo de futebol, com demonstrações de capoeira e a música dos «Raspa de Tacho».
O futebol era o que unia as muitas pessoas que se juntaram na «Funzone», mas havia mais que festejar: para os portugueses, o Santo António; para os brasileiros, o Dia dos Namorados.
«Hoje, no Brasil, é o Dia dos namorados. E é uma situação única no mundo. Será aquele dia que os homens querem: televisão, cerveja, futebol e a mulher com ele, para ver o jogo», brincou Manoel Inocêncio.
Fora de brincadeiras, o cônsul do Brasil em Faro contou que a associação do consulado à festa do Mundial, em Faro, partiu «de uma ideia maravilhosa da Câmara de Faro». «Nós nos associámos desde o primeiro momento a esta iniciativa da Câmara, que achamos fantástica e trouxemos um grupo que veio do Pará. No intervalo do jogo, o Grupo de Capoeira vai fazer uma demonstração e, a seguir, teremos os Raspa de Tacho, um grupo que toca fado, em ritmos de “Chorinho”, que mistura muito bem os ritmos de Portugal», revelou.
«Não há maneira de um brasileiro que aqui viva não se sentir em casa. E esta é a nossa forma de retribuir», ilustrou.
Apesar de se ter ficado bem composto, o recinto esteve longe de encher. Algo que se poderá explicar com a diminuição de residentes brasileiros, no Algarve.
«Abrimos o consulado aqui em Faro há 3 anos. Na altura, estimávamos que houvesse cerca de 60 mil brasileiros aqui a viver. Hoje diminuiu um pouco, devem rondar os 20 mil, mas ainda é um número significativo», disse.
A crise em Portugal, nomeadamente na Construção Civil e um maior dinamismo económico no Brasil, levaram muitos brasileiros a regressar a casa ou a mudar-se para outras paragens.
«O que é importante notar, é que os brasileiros que ficaram eram aqueles que já estavam bem posicionados em serviços de hotelaria, restauração, etc., ou que têm os seus próprios negócios. O brasileiro emigrante em Portugal é tão empreendedor, que já é a nacionalidade emigrante que mais pessoas emprega. No Algarve, esta tendência é igual ao resto do país», disse Manoel Inocêncio.
«Temos é de estimular isto. Somos todos uma grande família e temos de comemorar juntos. E pode ter a certeza que, não jogando o Brasil, todos os brasileiros vão estar a torcer por Portugal», assegurou Manoel Inocêncio.
«Funzone» anima Baixa farense até julho
Até ao final do campeonato do mundo, a 13 de julho, haverá animação diária na «Funzone», com sugestões para miúdos e graúdos. Mas o final do Brasil 2014 não significará o fim da zona de diversão, que se manterá até 20 de julho, para acolher os motards que vierem a mais uma Concentração Internacional do Motoclube de Faro.
No que toca ao futebol, esta é «a única zona de assistência do mundial FIFA no Algarve», o que leva a Câmara de Faro a esperar que rumem a Faro residentes e turistas de outros concelhos limítrofes.
Esta quinta-feira, era notória a presença de muitos estrangeiros, a maioria deles jovens. Nem faltava um simpático e entusiástico grupo de jovens raparigas croatas, que ainda fez a festa durante um bocado, mas que acabou por ver o anfitrião Brasil a ganhar a primeira partida do Mundial.
O importante é que se fez a festa, que é o grande objetivo desta «Funzone». «Nós fizemos a primeira em 2004, durante o Euro. Na altura teve grande sucesso, como nas outras cidades que acolheram o evento. A partir daí, independentemente do executivo autárquico, têm-se mantido a tradição de fazer aqui, de dois em dois anos, durante os Mundiais ou Europeus, a festa do futebol», recordou o vice-presidente da Câmara de Faro Paulo Santos.
São já dez anos de «Funzone» em Faro, em que o conceito não sofreu grandes alterações. A grande novidade, em 2014, é mesmo a parceria com o consulado do Brasil, que «desde a primeira hora, aceitou logo o desafio». «Queremos muito que esta não seja uma Funzone só dos farenses, mas também para quem está de férias no Algarve e dos residentes de outras nacionalidades», ilustrou.
Além desta parceria, há muitas outras, com empresas, já que são elas que suportam a larga maioria dos custos da zona de animação.
